Durante o fim de semana, foram registradas longas filas em vários postos de gasolina, especialmente nas grandes cidades e na capitalMarcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 27/09/2021 09:43
A escassez de combustível no Reino Unido se agravou no fim de semana por causa das "compras motivadas pelo pânico", o que levou o governo a cogitar recorrer ao Exército para amenizar a falta de caminhoneiros - informa a imprensa local.

Durante o fim de semana, foram registradas longas filas em vários postos de gasolina, especialmente nas grandes cidades e na capital, Londres. Nesta segunda-feira, 27, quase 30% dos postos do grupo BP eram afetados pela escassez de combustível.

"Um dos nossos membros recebeu um carregamento ao meio-dia e, no fim da tarde, já havia acabado completamente", disse à emissora BBC Brian Madderson, presidente da PRA, a associação de postos de gasolina do país.

O tabloide The Sun cita o exemplo de uma enfermeira que precisou percorrer três postos de gasolina e esperou por muito tempo. "Agora vou me atrasar para visitar os pacientes, que precisam da minha ajuda para suas refeições e medicamentos", declarou esta profissional da saúde ao jornal, sem conter as lágrimas.

O aumento da demanda por gasolina levou a PRA a advertir que até dois terços de seus membros, quase 5,5 mil postos de gasolina independentes dos 8 mil no país, tinham pouca quantidade de combustível no domingo. Os demais estavam "quase sem nada".

Nos últimos dias, apesar das tentativas do governo de tranquilizar a população, muitos cidadãos correram para os postos de gasolina. Ao observar a escassez de alguns alimentos nos mercados, temeram pela falta de combustível.

A situação recorda a década de 1970, quando a crise energética provocou o racionamento de combustível e a redução da semana de trabalho para três dias. Há quase 10 anos, as manifestações contra o preço elevado da gasolina também provocaram um bloqueio das refinarias e paralisaram as atividades no país durante semanas.

Vistos provisórios 
A escassez se deve, sobretudo, à falta de motoristas. Esta situação levou o governo britânico a alterar, no sábado, 25, a política de imigração pós-Brexit e conceder até 10.500 vistos de trabalho provisórios, de três meses.

As permissões devem atenuar a falta de caminhoneiros e de profissionais em setores cruciais da economia britânica, como a criação de aves.

Em um comunicado divulgado no domingo, 26, o ministro de Empresas e Energia, Kwasi Kwarteng, anunciou a isenção temporária para o setor das distribuidoras de combustíveis das regras da concorrência, para que possam abastecer, prioritariamente, as áreas mais necessitadas.

Em entrevista ao canal Sky News, Madderson atribuiu o movimento de pânico ao "vazamento de um relatório confidencial da empresa BP durante uma reunião do governo". O documento foi divulgado na quarta-feira, 22, e acompanhado por "compras motivadas pelo pânico na quinta-feira, sexta-feira, sábado e ontem", completou.

Além disso, de acordo com a imprensa britânica, o governo contempla recorrer ao Exército, no curto prazo, para enfrentar a escassez. Ao ser questionado sobre se medida vai conseguir melhorar a situação, Madderson respondeu com cautela.

"Não é tão fácil como se pensa, pois os caminhoneiros são muito especializados e o os caminhões-tanque transportam um líquido muito inflamável por todo país", algo que, completou, exige procedimentos adequados de carga e descarga.

Madderson destacou que, devido à pandemia da covid-19, muitas pessoas não conseguiram tirar a carteira de motorista para caminhão e que a escassez de caminhoneiros afeta a Europa continental.

O presidente da PRA disse esperar, no entanto, que o problema seja resolvido, pelo menos em parte, "até o fim de semana".
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