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Venezuela elimina seis zeros de sua moeda pela hiperinflação

Junto com a medida, entra em circulação um nova linha monetária

Nota de 1 milhão de bolívaresAFP
Publicado 01/10/2021 09:12
A cotação oficial do dólar passou de 4,18 milhões de bolívares na quinta-feira, 30, para 4,18 nesta sexta-feira, 1º. O país caribenho, atolado na hiperinflação, removeu seis zeros para facilitar as operações.

"Tudo expresso na moeda nacional se dividirá em um milhão", comunicou o Banco Central da Venezuela (BCV) ao anunciar a terceira reconversão realizada neste país em crise desde 2008. Em treze anos, 14 zeros foram eliminados do bolívar.

Acompanhando a medida, que entrou em vigor nesta sexta-feira, entra em circulação um nova linha monetária (conjunto de notas e moedas), com uma moeda de um bolívar e notas de 5, 10, 20, 50 e 100. A denominação máxima será equivalente a cerca de 24 dólares de acordo com as taxas do BCV.

A maior nota da velha família, de um milhão, mal representa 25 centavos de dólar. Ela permanecerá em circulação com as novas por alguns meses.

A situação reflete "a pouca capacidade que os atores econômicos da Venezuela têm para controlar a hiperinflação", um fenômeno que "empobreceu muito a população", comentou Luis Arturo Bárcenas, economista da empresa Ecoanalítica.

Três em cada quatro famílias venezuelanas estão na extrema pobreza, com renda insuficiente para cobrir suas necessidades alimentares, de acordo com os resultados da Pesquisa Nacional de Condições de Vida, coordenada por uma das principais universidades do país, divulgada na quarta-feira.

A primeira reforma do bolívar foi lançada pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), que retirou três zeros da moeda.

Seu sucessor, Nicolás Maduro, empreendeu uma nova em 2018, com cinco zeros a menos, e agora tira mais seis zeros da equação apenas três anos depois.

A inflação, projetada em 1.600% em 2021 pela Ecoanalítica, tem sido destrutiva, e combinada com desvalorizações gigantescas e depreciações constantes, 73,34% só este ano, esvaziou o bolívar de valor.

Tudo isso levou a uma dolarização informal, na medida em que os venezuelanos tentam proteger sua renda com a moeda estrangeira, que Maduro chamou de "válvula de escape" em um país que está em recessão há oito anos.

Embora o líder socialista não tenha suspendido formalmente o controle cambial imposto em 2003, ele foi forçado a flexibilizá-lo devido ao colapso da receita do país causado pela queda da indústria do petróleo e às restrições de financiamento devido às sanções do Estados Unidos para tentar retirá-lo do poder.

Os bancos locais, apesar das limitações, têm permissão para movimentar dólares após uma proibição de 15 anos. Dois terços das transações na Venezuela são feitas em dólares, segundo a Ecoanalítica.

Nervosismo 
Nas 24 horas anteriores à reconversão, o dólar disparou no mercado paralelo que surgiu em resposta aos controles cambiais, embora tenha permanecido estável nos preços oficiais do BCV. As taxas de câmbio paralelas dispararam de 4,3 milhões de bolívares por dólar para mais de 5 milhões.

Com medo de problemas operacionais devido à reconversão, muitos comércios em Caracas limitaram as transações em bolívares, a grande maioria com cartões de débito ou transferências bancárias devido à falta de dinheiro. O governo de Maduro pediu calma.

"(O bolívar) não vai valer mais, não vai valer menos, é apenas uma escala monetária que estamos aplicando suprimindo seis zeros para facilitar as transações", disse a vice-presidente Delcy Rodríguez na segunda-feira.

O presidente Nicolás Maduro fala em "bolívar digital", pedindo a "digitalização" total dos pagamentos. Essa ideia é uma rendição antecipada, afirma Luis Arturo Bárcenas, da Ecoanalítica.

"Certamente não haverá caixa suficiente (...). Está reconhecendo que não tem capacidade de emitir todas as notas do bolívar de que precisa", explica o economista.

As reconversões eram comuns na América Latina, especialmente em tempos de hiperinflação em países como Argentina, Brasil e Peru nas décadas de 1980 e 1990.
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Junto com a medida, entra em circulação um nova linha monetária

Nota de 1 milhão de bolívaresAFP
Publicado 01/10/2021 09:12
A cotação oficial do dólar passou de 4,18 milhões de bolívares na quinta-feira, 30, para 4,18 nesta sexta-feira, 1º. O país caribenho, atolado na hiperinflação, removeu seis zeros para facilitar as operações.

"Tudo expresso na moeda nacional se dividirá em um milhão", comunicou o Banco Central da Venezuela (BCV) ao anunciar a terceira reconversão realizada neste país em crise desde 2008. Em treze anos, 14 zeros foram eliminados do bolívar.

Acompanhando a medida, que entrou em vigor nesta sexta-feira, entra em circulação um nova linha monetária (conjunto de notas e moedas), com uma moeda de um bolívar e notas de 5, 10, 20, 50 e 100. A denominação máxima será equivalente a cerca de 24 dólares de acordo com as taxas do BCV.

A maior nota da velha família, de um milhão, mal representa 25 centavos de dólar. Ela permanecerá em circulação com as novas por alguns meses.

A situação reflete "a pouca capacidade que os atores econômicos da Venezuela têm para controlar a hiperinflação", um fenômeno que "empobreceu muito a população", comentou Luis Arturo Bárcenas, economista da empresa Ecoanalítica.

Três em cada quatro famílias venezuelanas estão na extrema pobreza, com renda insuficiente para cobrir suas necessidades alimentares, de acordo com os resultados da Pesquisa Nacional de Condições de Vida, coordenada por uma das principais universidades do país, divulgada na quarta-feira.

A primeira reforma do bolívar foi lançada pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), que retirou três zeros da moeda.

Seu sucessor, Nicolás Maduro, empreendeu uma nova em 2018, com cinco zeros a menos, e agora tira mais seis zeros da equação apenas três anos depois.

A inflação, projetada em 1.600% em 2021 pela Ecoanalítica, tem sido destrutiva, e combinada com desvalorizações gigantescas e depreciações constantes, 73,34% só este ano, esvaziou o bolívar de valor.

Tudo isso levou a uma dolarização informal, na medida em que os venezuelanos tentam proteger sua renda com a moeda estrangeira, que Maduro chamou de "válvula de escape" em um país que está em recessão há oito anos.

Embora o líder socialista não tenha suspendido formalmente o controle cambial imposto em 2003, ele foi forçado a flexibilizá-lo devido ao colapso da receita do país causado pela queda da indústria do petróleo e às restrições de financiamento devido às sanções do Estados Unidos para tentar retirá-lo do poder.

Os bancos locais, apesar das limitações, têm permissão para movimentar dólares após uma proibição de 15 anos. Dois terços das transações na Venezuela são feitas em dólares, segundo a Ecoanalítica.

Nervosismo 
Nas 24 horas anteriores à reconversão, o dólar disparou no mercado paralelo que surgiu em resposta aos controles cambiais, embora tenha permanecido estável nos preços oficiais do BCV. As taxas de câmbio paralelas dispararam de 4,3 milhões de bolívares por dólar para mais de 5 milhões.

Com medo de problemas operacionais devido à reconversão, muitos comércios em Caracas limitaram as transações em bolívares, a grande maioria com cartões de débito ou transferências bancárias devido à falta de dinheiro. O governo de Maduro pediu calma.

"(O bolívar) não vai valer mais, não vai valer menos, é apenas uma escala monetária que estamos aplicando suprimindo seis zeros para facilitar as transações", disse a vice-presidente Delcy Rodríguez na segunda-feira.

O presidente Nicolás Maduro fala em "bolívar digital", pedindo a "digitalização" total dos pagamentos. Essa ideia é uma rendição antecipada, afirma Luis Arturo Bárcenas, da Ecoanalítica.

"Certamente não haverá caixa suficiente (...). Está reconhecendo que não tem capacidade de emitir todas as notas do bolívar de que precisa", explica o economista.

As reconversões eram comuns na América Latina, especialmente em tempos de hiperinflação em países como Argentina, Brasil e Peru nas décadas de 1980 e 1990.
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