Publicado 30/10/2021 15:44
Milhares de sudaneses protestaram neste sábadO, 30, para exigir o retorno ao caminho democrático após o golpe de Estado realizado na segunda-feira, 25, pelo general Abdel Fattah al-Burhan, em manifestações com três mortos e mais de 100 feridos.
Com essas novas mortes, o balanço da repressão desde segunda-feira, quando começaram as manifestações, chega a 12 vítimas fatais. Além disso, mais de 300 pessoas ficaram feridas. A ONU e os Estados Unidos já haviam alertado contra o uso da força e da violência para reprimir os manifestantes.
Na capital Cartum e em outras cidades do país, os protestos foram marcados por palavras de ordem contra o Exército. "Queremos um regime civil e não vamos aceitar a divisão do poder com os militares, tem que ser 100% civil", disse à AFP Hashem al-Tayeb, um manifestante no sul de Cartum.
A resposta do Exército será observada por todo o mundo, alertou uma autoridade dos Estados Unidos. "Será um verdadeiro teste das intenções dos militares", disse ele, alertando contra um surto de violência.
Apesar dos mortos e feridos pela repressão militar desde o golpe, o risco de um novo banho de sangue neste país dizimado por conflitos não abala a determinação dos manifestantes, garante à AFP o militante pró-democracia Tahani Abbas.
"Os militares não vão nos governar", afirma. E a prometida "manifestação de um milhão" é apenas "um primeiro passo".
Em um país governado quase sem interrupção pelos militares em seus 65 anos de independência, a rua decidiu enfrentar o general Burhan, que na segunda-feira dissolveu as instituições do governo de transição e prendeu a maioria dos líderes civis.
O principal lema dos opositores é: "não há como voltar atrás", após a revolta que derrubou o ditador Omar al-Bashir em 2019, um general que chegou ao poder com outro golpe há 30 anos, ao preço de seis meses de mobilização e mais de 250 mortos.
Desde segunda-feira, muitos sudaneses declararam "desobediência civil" e estão se protegendo em barricadas. Eles enfrentam balas reais ou de borracha e gás lacrimogêneo disparado por forças de segurança que mataram pelo menos nove, provavelmente mais, de acordo com uma associação médica. O manifestante Abbas diz que sua "única arma é o pacifismo". "Não temos mais medo", garante.
Jibril Ibrahim, ministro das Finanças que havia apoiado um protesto pró-Exército antes do golpe, alertou que "destruir propriedade pública não é uma manifestação pacífica", em uma mensagem no Twitter, sugerindo que as forças da ordem podem atirar novamente contra os manifestantes.
"Os golpistas tentam realizar atos de sabotagem para encontrar um pretexto para desencadear a violência", acusou, por sua vez, o porta-voz do governo deposto no Facebook. Mas desta vez "os líderes militares não devem se enganar: o mundo está olhando e não vai tolerar mais sangue", advertiu a Anistia Internacional.
Neste sábado, o emissário britânico Robert Fairweather pediu às forças de segurança sudanesas "respeito à liberdade e ao direito de expressão". O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, instou "moderação e a não causar mais vítimas".
Sanções internacionais
Com essas novas mortes, o balanço da repressão desde segunda-feira, quando começaram as manifestações, chega a 12 vítimas fatais. Além disso, mais de 300 pessoas ficaram feridas. A ONU e os Estados Unidos já haviam alertado contra o uso da força e da violência para reprimir os manifestantes.
Na capital Cartum e em outras cidades do país, os protestos foram marcados por palavras de ordem contra o Exército. "Queremos um regime civil e não vamos aceitar a divisão do poder com os militares, tem que ser 100% civil", disse à AFP Hashem al-Tayeb, um manifestante no sul de Cartum.
A resposta do Exército será observada por todo o mundo, alertou uma autoridade dos Estados Unidos. "Será um verdadeiro teste das intenções dos militares", disse ele, alertando contra um surto de violência.
Apesar dos mortos e feridos pela repressão militar desde o golpe, o risco de um novo banho de sangue neste país dizimado por conflitos não abala a determinação dos manifestantes, garante à AFP o militante pró-democracia Tahani Abbas.
"Os militares não vão nos governar", afirma. E a prometida "manifestação de um milhão" é apenas "um primeiro passo".
Em um país governado quase sem interrupção pelos militares em seus 65 anos de independência, a rua decidiu enfrentar o general Burhan, que na segunda-feira dissolveu as instituições do governo de transição e prendeu a maioria dos líderes civis.
O principal lema dos opositores é: "não há como voltar atrás", após a revolta que derrubou o ditador Omar al-Bashir em 2019, um general que chegou ao poder com outro golpe há 30 anos, ao preço de seis meses de mobilização e mais de 250 mortos.
Desde segunda-feira, muitos sudaneses declararam "desobediência civil" e estão se protegendo em barricadas. Eles enfrentam balas reais ou de borracha e gás lacrimogêneo disparado por forças de segurança que mataram pelo menos nove, provavelmente mais, de acordo com uma associação médica. O manifestante Abbas diz que sua "única arma é o pacifismo". "Não temos mais medo", garante.
Jibril Ibrahim, ministro das Finanças que havia apoiado um protesto pró-Exército antes do golpe, alertou que "destruir propriedade pública não é uma manifestação pacífica", em uma mensagem no Twitter, sugerindo que as forças da ordem podem atirar novamente contra os manifestantes.
"Os golpistas tentam realizar atos de sabotagem para encontrar um pretexto para desencadear a violência", acusou, por sua vez, o porta-voz do governo deposto no Facebook. Mas desta vez "os líderes militares não devem se enganar: o mundo está olhando e não vai tolerar mais sangue", advertiu a Anistia Internacional.
Neste sábado, o emissário britânico Robert Fairweather pediu às forças de segurança sudanesas "respeito à liberdade e ao direito de expressão". O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, instou "moderação e a não causar mais vítimas".
Sanções internacionais
O golpe enterrou as esperanças de eleições livres no final de 2023 e empurrou o país para o desconhecido. Quase todos os líderes civis, que faziam parte das agora dissolvidas instituições de transição junto com os militares, ainda estão detidos ou em prisão domiciliar.
Muitas instituições públicas anunciaram que se juntariam à "desobediência civil", que transformou Cartum em uma cidade morta por cinco dias. Nove dias atrás, dezenas de milhares de sudaneses saíram em passeata gritando "fora Burhan", uma manifestação que provavelmente precipitou o movimento do Exército.
Os militantes querem encher ainda mais as ruas desta vez, embora muitos deles tenham sido presos. Especialistas observam que, graças à experiência de 2019, o movimento pró-democracia está mais bem organizado.
Além disso, contam com o apoio de uma comunidade internacional que multiplicou as sanções contra os generais. Os Estados Unidos e o Banco Mundial suspenderam sua ajuda, vital para um país atolado em inflação galopante e pobreza endêmica.
Muitas instituições públicas anunciaram que se juntariam à "desobediência civil", que transformou Cartum em uma cidade morta por cinco dias. Nove dias atrás, dezenas de milhares de sudaneses saíram em passeata gritando "fora Burhan", uma manifestação que provavelmente precipitou o movimento do Exército.
Os militantes querem encher ainda mais as ruas desta vez, embora muitos deles tenham sido presos. Especialistas observam que, graças à experiência de 2019, o movimento pró-democracia está mais bem organizado.
Além disso, contam com o apoio de uma comunidade internacional que multiplicou as sanções contra os generais. Os Estados Unidos e o Banco Mundial suspenderam sua ajuda, vital para um país atolado em inflação galopante e pobreza endêmica.
A União Africana suspendeu o Sudão e o Conselho de Segurança da ONU exige o retorno dos civis ao poder. "Em 30 de outubro, vamos recuperar as conquistas da revolução", garante à AFP Abdeljalil al-Bacha, que protesta em Omdurman.
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