Publicado 23/11/2021 15:03 | Atualizado 23/11/2021 15:04
Cabul - Jornalistas e ONGs denunciaram, nesta terça-feira (23), as novas regras aprovadas pelo governo do Talibã sobre a imprensa, temendo que seja o início da censura contra a mídia no Afeganistão. O grupo publicou no domingo uma série de "diretrizes religiosas" para os jornais, a primeira regulamentação do setor pelos fundamentalistas islâmicos desde sua tomada do poder em meados de agosto. Entre as exigências, eles pedem que aos meios de comunicação evitem programas "que vão contra os valores islâmicos e afegãos".
"Imagine como será a mídia com as novas diretrizes: um jornalista, um homem com uma barba espessa, começa sua matéria com algumas palavras em árabe e finaliza com elogios" ao governo dos talibãs, escreveu no Twitter Zaki Daryabi, diretor do Etilaat Roz ("Dia da informação"), um dos principais jornais afegãos.
Dayabi, como centenas de outros repórteres afegãos, vive no exílio após fugir do país com medo das represálias do Talibã.
Os jornalistas afegãos tiveram o apoio da ONG Human Rights Watch (HRW), que acusa os talibãs de tentar "silenciar todas as críticas" contra seu governo e denunciam as ameaças e pressões, especialmente contra as mulheres.
"Milhões de afegãos morrem de fome mas, claro, vamos reduzir ainda mais a liberdade de expressão da imprensa, isso vai resolver os problemas do Afeganistão", ironizou no Twitter Shaharzad Akbar, presidente no exílio da Comissão Afegã Independente dos Direitos Humanos.
Os talibãs também pediram aos canais de televisão afegãs que não transmitam programas "que mostrem mulheres", como as novelas populares produzidas na Turquia e na Índia, fundamentais para a renda de muitos canais.
"No quê estão pensando?", acrescentou Akbar, em referência aos talibãs. "Quando vão realmente começar a governar o país e servi-lo, em vez de controlar, destruir e reprimir?"
'O inimigo'
Dayabi, como centenas de outros repórteres afegãos, vive no exílio após fugir do país com medo das represálias do Talibã.
Os jornalistas afegãos tiveram o apoio da ONG Human Rights Watch (HRW), que acusa os talibãs de tentar "silenciar todas as críticas" contra seu governo e denunciam as ameaças e pressões, especialmente contra as mulheres.
"Milhões de afegãos morrem de fome mas, claro, vamos reduzir ainda mais a liberdade de expressão da imprensa, isso vai resolver os problemas do Afeganistão", ironizou no Twitter Shaharzad Akbar, presidente no exílio da Comissão Afegã Independente dos Direitos Humanos.
Os talibãs também pediram aos canais de televisão afegãs que não transmitam programas "que mostrem mulheres", como as novelas populares produzidas na Turquia e na Índia, fundamentais para a renda de muitos canais.
"No quê estão pensando?", acrescentou Akbar, em referência aos talibãs. "Quando vão realmente começar a governar o país e servi-lo, em vez de controlar, destruir e reprimir?"
'O inimigo'
As novas regras estipulam que as mulheres jornalistas deverão usar "o véu islâmico" em suas aparições, sem detalhar o que exatamente se entende por "véu", se é um simples lenço (que as mulheres geralmente usam na televisão) ou um véu maior.
"Essas diretrizes colocam em risco a liberdade da imprensa e reduzirão a presença das mulheres jornalistas", escreveu no Twitter a Zan TV, a primeira emissora de televisão afegã exclusivamente formada por mulheres produtoras e repórteres.
As jornalistas "se sentirão mais ameaçadas", explicou à AFP Aslia Ahmadzai, jornalista independente na zona noroeste do país.
Um repórter afegão no exílio, que preferiu manter o anonimato, vê nisso "o primeiro passo para a proibição de todos os canais de TV, como nos anos 1990".
O governo Talibã se defende das críticas, mas suas últimas declarações sobre o tema não tranquilizam os jornais afegãos e as ONGs.
No domingo, o secretário de imprensa do primeiro-ministro talibã Qari Abdul Sattar Saeed classificou a mídia como intermediária da "propaganda do inimigo".
Segundo Sattar Saeed, "até agora, tivemos muita paciência, tolerando a maioria da propaganda espalhada por todo o mundo".
"Mas quando vemos como o inimigo se comporta, não podemos tolerar nem perdoar. Devem ser tratados como merecem, com dureza".
Durante seu primeiro governo, de 1996 a 2001, o Talibã proibiu a televisão e todas as formas de entretenimento que julgou imorais. Após sua derrota em 2001, o cenário midiático afegão cresceu bastante e dezenas de emissoras de rádio e televisão se destacaram, em muitos casos apoiadas pelo Ocidente.
Após o retorno dos talibãs ao poder, vários jornais fecharam devido à fuga de seus jornalistas, ao fim da ajuda internacional e das receitas publicitárias.
Muitos jornalistas que decidiram ficar no país abandonaram a carreira, principalmente as mulheres. Outros foram agredidos ou detidos pelos talibãs, como aqueles que cobriam as manifestações "não autorizadas" das mulheres contra o novo poder.
Segundo a Human Rights Watch (HRW), vários outros jornalistas vivem com medo devido às ameaças dos talibãs, ou obrigados a publicar informações favoráveis ao governo.
"Essas diretrizes colocam em risco a liberdade da imprensa e reduzirão a presença das mulheres jornalistas", escreveu no Twitter a Zan TV, a primeira emissora de televisão afegã exclusivamente formada por mulheres produtoras e repórteres.
As jornalistas "se sentirão mais ameaçadas", explicou à AFP Aslia Ahmadzai, jornalista independente na zona noroeste do país.
Um repórter afegão no exílio, que preferiu manter o anonimato, vê nisso "o primeiro passo para a proibição de todos os canais de TV, como nos anos 1990".
O governo Talibã se defende das críticas, mas suas últimas declarações sobre o tema não tranquilizam os jornais afegãos e as ONGs.
No domingo, o secretário de imprensa do primeiro-ministro talibã Qari Abdul Sattar Saeed classificou a mídia como intermediária da "propaganda do inimigo".
Segundo Sattar Saeed, "até agora, tivemos muita paciência, tolerando a maioria da propaganda espalhada por todo o mundo".
"Mas quando vemos como o inimigo se comporta, não podemos tolerar nem perdoar. Devem ser tratados como merecem, com dureza".
Durante seu primeiro governo, de 1996 a 2001, o Talibã proibiu a televisão e todas as formas de entretenimento que julgou imorais. Após sua derrota em 2001, o cenário midiático afegão cresceu bastante e dezenas de emissoras de rádio e televisão se destacaram, em muitos casos apoiadas pelo Ocidente.
Após o retorno dos talibãs ao poder, vários jornais fecharam devido à fuga de seus jornalistas, ao fim da ajuda internacional e das receitas publicitárias.
Muitos jornalistas que decidiram ficar no país abandonaram a carreira, principalmente as mulheres. Outros foram agredidos ou detidos pelos talibãs, como aqueles que cobriam as manifestações "não autorizadas" das mulheres contra o novo poder.
Segundo a Human Rights Watch (HRW), vários outros jornalistas vivem com medo devido às ameaças dos talibãs, ou obrigados a publicar informações favoráveis ao governo.
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