Imagem do lançamento don foguete da SpaceX Falcon 9 nesta terça-feira, 23 AFP
Publicado 24/11/2021 09:43 | Atualizado 24/11/2021 09:44
A Nasa lançou na terça-feira, 23, à noite uma missão para colidir deliberadamente uma nave espacial contra um asteroide, um ensaio para caso a humanidade precise um dia impedir que uma rocha espacial gigante acabe com a vida na Terra.


Pode soar como ficção científica, mas o Dart (Double Asteroid Redirection Test) é um experimento real.

Com transmissão ao vivo da Nasa, o aparelho decolou às 22h21 do horário local de terça-feira (quarta-feira, às 3h21 de Brasília), a bordo de um foguete SpaceX a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia.

Seu alvo é Dimorphos, uma "lua" com cerca de 160 metros de largura, que orbita um asteroide muito maior chamado Didymos, de 780 metros de diâmetro. Juntos, eles formam um sistema que orbita o sol.

"Asteroide Dimorphos, vamos atrás de você!", tuitou a Nasa após o lançamento. Mais tarde, a agência informou que o Dart se separou com sucesso da segunda fase do foguete.

"Recebemos os primeiros sinais da #DARTMission, que continuará instalando os painéis solares nas próximas horas e se preparará para a viagem de ida e volta de 10 meses ao asteroide", completou a agência espacial.

O impacto deve ocorrer entre 26 de setembro e 1º de outubro de 2022, quando o par de rochas estará a 11 milhões de quilômetros da Terra, o ponto mais próximo que podem chegar.

"O que estamos tentando aprender é como desviar uma ameaça", disse o cientista-chefe da Nasa, Thomas Zuburchen, em uma coletiva de imprensa sobre o projeto de 330 milhões de dólares e o primeiro de seu tipo.

Para deixar claro: os asteroides não representam uma ameaça ao nosso planeta. Mas eles pertencem a uma classe de corpos conhecida como Objetos Próximos à Terra (NEOs, em inglês). São asteroides e cometas que se encontram a menos de 50 milhões de quilômetros do nosso planeta.

O Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da Nasa está mais interessado em corpos maiores que 140 metros, já que eles têm o potencial de devastar cidades ou regiões inteiras com uma energia várias vezes maior do que bombas nucleares.

Há 10 mil asteroides próximos à Terra com esse tamanho conhecidos, mas nenhum tem uma chance significativa de impacto nos próximos 100 anos. No entanto, estima-se que apenas 40% desses asteroides foram encontrados até o momento.

Impacto a 24.000 km/h 
Os cientistas podem criar impactos em miniatura em laboratórios e usar os resultados para criar modelos sofisticados de como desviar um asteroide, mas esses modelos são baseados em suposições imperfeitas, portanto, querem fazer um teste do mundo real.

A sonda Dart, que é uma caixa com o volume de um grande frigorífico e painéis solares do tamanho de limusines de cada lado, irá colidir com Dimorphos a pouco mais de 24 mil quilômetros por hora, provocando uma pequena mudança no movimento do asteroide.

Cientistas dizem que estas rochas são um "laboratório natural ideal" para o teste porque os telescópios baseados na Terra podem medir facilmente a variação de brilho do sistema Didymos-Dimorphos e calcular o tempo que Dimorphos demora para dar uma volta completa ao redor de seu irmão maior.

Sua órbita hunca se cruza com o nosso planeta, o que proporciona uma forma segura de medir o efeito do impacto, que deve ocorrer entre 26 de setembro e 1º de outubro de 2022.

Andy Rivkin, chefe da equipe de pesquisas do DART, disse que o período orbital atual é de 11 horas e 55 minutos. A equipe espera que o impacto reduza em 10 minutos a órbita de Dimorphos.

Há alguma incerteza sobre a quantidade de energia que o impacto irá gerar, pois se desconhece a composição interna e a porosidade da pequena lua. Quanto mais detritos gerarl, mais impulso Dimorphos terá.

"Cada vez que vamos rumo a um asteroide, encontramos coisas que não esperávamos", disse Rivkin.

A nave espacial DART também contém instrumentos sofisticados de navegação e obtenção de imagens, entre eles o CubeSat, da Agência Espacial Italiana, que observará o impacto e seus efeitos posteriores.

A trajetória do Didymos também pode ser sutilmente afetada, mas não alteraria significativamente seu curso, nem poria em risco a Terra, segundo os cientistas.
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