Publicado 02/12/2021 16:03 | Atualizado 02/12/2021 16:16
A Alemanha decidiu nesta quinta-feira (2) aumentar as restrições a pessoas não vacinadas contra a covid-19, para tentar conter uma quarta onda de infecções, enquanto o consenso sobre a vacinação obrigatória cresce. Essas restrições drásticas no acesso à vida social para os não vacinados foram descritas por vários líderes políticos como um "confinamento".
Pessoas não vacinadas já estão sujeitas a restrições de acesso às vias públicas há várias semanas, mas as regras variam e não cobrem todas as regiões do país.
“A situação é muito, muito complicada”, disse o futuro chanceler Olaf Scholz, após um encontro com a líder do governo em final de mandato, Angela Merkel, e com os líderes das 16 regiões do país.
Embora os números tenham se estabilizado nos últimos dias, eles permanecem alarmantes, com dezenas de milhares de novos casos todos os dias e muitos hospitais à beira do colapso.
Para lidar com as infecções, as autoridades decidiram aplicar restrições a pessoas não vacinadas, que representam cerca de um terço da população.
Sem fogos de artifícios
“Vamos organizar atividades culturais e de lazer em toda a Alemanha, mas apenas para pessoas vacinadas ou recuperadas” da covid-19, disse Merkel, que deixa o poder no dia 8 de dezembro após 16 anos no comando do país.
Essa regra chamada “2G”, em referência a pessoas vacinadas ou recuperadas, “também será estendida ao comércio, com exceção de lojas de produtos básicos”, disse a chanceler.
Para evitar multidões nas festividades de final de ano, o governo e as regiões também proibiram fogos de artifício, muito populares entre os alemães.
Clubes e boates terão que fechar se o marco dos 350 casos for ultrapassado, o que já aconteceu na maioria das regiões. O uso de máscaras voltou a ser obrigatório nas escolas do país.
Essas medidas buscam melhorar a situação nas próximas semanas, antes de uma votação sobre a obrigatoriedade das vacinas. A medida já foi adotada pela vizinha Áustria, onde poderá entrar em vigor em fevereiro, após a manifestação do Conselho de Ética e a votação do Parlamento.
A opinião pública evoluiu significativamente neste assunto. No verão passado, dois terços dos alemães eram contra as vacinas obrigatórias, agora 64% são a favor, de acordo com uma pesquisa da RTL e da ntv. Nas ruas de Berlim, a vacinação obrigatória tem uma recepção bastante favorável.
“A princípio, sempre acho que obrigar é delicado. Mas acho que já estamos tão afundados na pandemia que não há outra maneira” , explicou Clara à AFPTV.
"Teria sido uma boa ideia desde o início", concordou Alicia Münch.
"Ameaçador e grave"
A medida convence os dois aliados da coalizão dos social-democratas (os verdes e os liberais, que costumam ser contra o corte das liberdades), e também os conservadores de Angela Merkel, atualmente na oposição. Apenas o partido de extrema direita AfD se opõe e lançou uma campanha com o slogan "Vacinação obrigatória? Não, obrigado!".
O contexto é agravado pelo atual período de transição na Alemanha, com a saída de Angela Merkel, que fará um discurso de despedida na quinta-feira, e a entrada de Scholz, cujas eleições parlamentares só ocorrerão na próxima semana.
As restrições promovidas pela nova coalizão devem mostrar, segundo o futuro chanceler, que "não há vazio de poder, como alguns acreditam".
A Bundesliga deve impor um limite ao número de espectadores nos estádios, evitando assim o retorno aos jogos em recintos fechados.
“Do ponto de vista da medicina intensiva e de emergência, a situação da pandemia nunca foi tão ameaçadora e grave como agora”, alarma-se a Associação Alemã de Medicina Intensiva, que pede um confinamento parcial da população.
As autoridades alemãs também são criticadas por gargalos no acesso à vacinação e dificuldades para marcar consultas médicas.
Farmácias serão mobilizadas para ampliar a distribuição.
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