Publicado 03/12/2021 14:48
O papa Francisco pediu nesta sexta-feira (3) para "abrir os olhos" para a "escravidão" e a "tortura" sofridas pelos migrantes nos acampamentos, fazendo um paralelo com a Segunda Guerra Mundial, durante visita ao Chipre.
“Isso nos lembra a história do século passado, dos nazistas, de Stalin, e nos perguntamos como isso pode ter acontecido. Mas o que aconteceu no passado está acontecendo hoje nas costas vizinhas", disse o papa durante oração ecumênica com migrantes no segundo dia de sua visita à ilha.
"Há lugares de tortura, pessoas que se vendem. Digo isso porque é minha responsabilidade abrir os olhos", disse o sumo pontífice diante de 250 pessoas reunidas na Igreja da Santa Cruz, em Nicósia, capital cipriota, a poucos metros da zona de distensão administrada pelas Nações Unidas.
"Vemos o que está acontecendo e o pior é que nos acostumamos a isso. Acostumar-se é uma doença muito séria! Não há antibióticos para isto", acrescentou.
Diante do "sofrimento" de "tantas pessoas das quais têm-se aproveitado", Francisco se pronunciou contra "a guerra do ódio", criticando "aqueles que impedem a entrada dos refugiados, que pedem fraternidade, ajuda e alegria".
"Fogem do ódio e se deparam com um muro de ódio (...) Não podemos nos calar e olhar para o outro lado diante desta cultura da indiferença", disse, vendo nesta realidade "a história desta sociedade desenvolvida que chamamos de Ocidente".
Minutos antes, o papa ouviu os testemunhos de quatro refugiados.
Com esta viagem, a 35ª desde sua eleição em 2013, o papa argentino quer chamar a atenção para a questão da imigração, um grande problema na região, que gera tensões na União Europeia.
As autoridades cipriotas afirmam receber o maior número de pedidos de asilo da União Europeia em comparação com a sua população, cerca de 10.000 durante os primeiros 10 meses do ano.
Durante a missa, o papa reiterou seus apeloos à "fraternidade" e ao "diálogo". Milhares de fiéis reunidos no local agitaram bandeiras libanesas, argentinas e filipinas.
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