O novo coronavírus tem tirado o sono de muitos brasileiros que se mudaram para Portugal em busca de melhores condições vida. Alguns até consideram que se a solução para o vírus e a crise demorar a chegar, será inevitável ter que regressar para o Brasil. É o caso da carioca Gerusa Vieira de Oliveira, de 30 anos.
Há um ano e três meses em Portugal, Gerusa trocou o medo da violência do Rio, mas atualmente está assustada com a Covid-19, que afeta diretamente o trabalho dela em uma hamburgueria de Lisboa. Isso porque ela não sabe se o ganha-pão vai realmente existir depois da pandemia
"Acordo todos os dias, levanto e não sei se vou ter trabalho ou não. Minha maior preocupação não é se vou pegar o novo coronavírus, mas o desemprego", desabafa Gerusa, que já deu entrada nos documentos para residência fixa em Portugal.
Segundo Gerusa, que é contratada como atendente, a renda (como é chamado o aluguel em Portugal) está cada vez mais elevada. "Se você ganha 700 euros, paga 400 em um quarto", explica ela, que aluga um apartamento com mais dois amigos, sendo que um deles mantém contrato de trabalho, mas o outro está desempregado.
Amigo de Gerusa, o também carioca Bernardo Sá Cunha, 27 anos, está sem trabalho desde que a companhia onde atuava não renovou o contrato. "O principal medo é de como vão ficar os aluguéis, as contas, se vai ficar igual a Itália. Se a pandemia realmente se arrastar por meses, penso em voltar para o Brasil", confessa.
"A gente vê pessoas meio tensas tomando cuidados, idosos aqui não estão se cuidando, no mercado existe um controle de manter um metro de distancia, não entram muitas pessoas, os ônibus e metros estão liberados, não precisam pagar, e não tem muitas pessoas nas ruas como costuma ter”, explica ele. “95% das pessoas que trabalham aqui em Portugal são imigrantes e a maioria é brasileira. Muitos foram mandados embora ou dispensados, acho difícil alguém ofertar emprego caso um desempregado procure”, lamenta.
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