Gerusa: incerteza econômicaAcervo Pessoal
Por Gabriel Sobreira
Publicado 27/03/2020 00:00

O novo coronavírus tem tirado o sono de muitos brasileiros que se mudaram para Portugal em busca de melhores condições vida. Alguns até consideram que se a solução para o vírus e a crise demorar a chegar, será inevitável ter que regressar para o Brasil. É o caso da carioca Gerusa Vieira de Oliveira, de 30 anos.

Há um ano e três meses em Portugal, Gerusa trocou o medo da violência do Rio, mas atualmente está assustada com a Covid-19, que afeta diretamente o trabalho dela em uma hamburgueria de Lisboa. Isso porque ela não sabe se o ganha-pão vai realmente existir depois da pandemia

"Acordo todos os dias, levanto e não sei se vou ter trabalho ou não. Minha maior preocupação não é se vou pegar o novo coronavírus, mas o desemprego", desabafa Gerusa, que já deu entrada nos documentos para residência fixa em Portugal.

Segundo Gerusa, que é contratada como atendente, a renda (como é chamado o aluguel em Portugal) está cada vez mais elevada. "Se você ganha 700 euros, paga 400 em um quarto", explica ela, que aluga um apartamento com mais dois amigos, sendo que um deles mantém contrato de trabalho, mas o outro está desempregado.

Amigo de Gerusa, o também carioca Bernardo Sá Cunha, 27 anos, está sem trabalho desde que a companhia onde atuava não renovou o contrato. "O principal medo é de como vão ficar os aluguéis, as contas, se vai ficar igual a Itália. Se a pandemia realmente se arrastar por meses, penso em voltar para o Brasil", confessa.

Desespero para quem é imigrante
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Saúde tem, mas a conta chega
Pelas ruas de Lisboa
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Nascido em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, João Gabriel Gomes está em Portugal há mais de dois anos. Ele mora em Lisboa, que segundo ele, conta com mais de mil casos de contaminados por novo coronavírus. O país soma mais de 3500 pessoas infectadas e 60 mortes. João possui título de residência e não está irregular. “Estou de quarentena, é um direito do trabalhador que deveria ser oferecido por todas as empresas, mas nem sempre acontece e acaba se tornando um privilegio. A faculdade que trabalho a principio continua e vai continuar pagando o salário até que isso passe”, afirma ele, que trabalha na área de TI.
"A gente vê pessoas meio tensas tomando cuidados, idosos aqui não estão se cuidando, no mercado existe um controle de manter um metro de distancia, não entram muitas pessoas, os ônibus e metros estão liberados, não precisam pagar, e não tem muitas pessoas nas ruas como costuma ter”, explica ele. “95% das pessoas que trabalham aqui em Portugal são imigrantes e a maioria é brasileira. Muitos foram mandados embora ou dispensados, acho difícil alguém ofertar emprego caso um desempregado procure”, lamenta.

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