Imagem computadorizada do coronavírus - Reprodução/ Internet
Imagem computadorizada do coronavírusReprodução/ Internet
Por IG - Último Segundo
Dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins, que agrupa as informações sobre a pandemia do Covid-19 em todo o planeta, mostram que a Tanzânia soma apenas 509 casos confirmados da doença e 21 mortes, ocupando apenas o 121º lugar na lista dos mais atingidos. Tal cenário positivo levou o presidente John Magufuli a afirmar, em declaração recente, que o país venceu a doença, e fez isso apenas com o auxílio da fé e orações.
Entretanto, segundo informa a agência Associated Press, a situação está longe de controlada na Tanzânia, mas a falta de transparência nos dados e a perseguição realizada pelo atual governo aos que ousam questionar ou criticar as ações de combate ao novo coronavírus (Sars-Cov-2) acabam não transmitindo a real dimensão do problema.
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Um dos principais pontos que fizeram as agências internacionais suspeitarem da garantia dos dados divulgados pelo governo foi a ausência de modificações de novos casos da doença ao longo das últimas três semanas. Alguns opositores  disseram que seus celulares foram grampeados e que temem dar informações sobre o que realmente ocorre sob o comando de Magufuli.
Outro ponto criticado é a postura do presidente em relação ao especialistas em Saúde do governo. Mais de uma vez, Magufuli acabou demitindo o responsável por agrupar e divulgar os dados da doença. Além disso, tem se mostrado contrário ao uso de normas de isolamento e distanciamento social, ressaltando que a economia é a prioridade.
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Ele, inclusive, se negou a fechar igrejas, mesquitas e outros locais que poderiam gerar aglomerações, além de ter questionado a eficácia do testes realizados pelo principal laboratório do país ao afirmar que os instrumentos usados poderiam já estar contaminados. No fim, também demitiu responsável pela instituição.
"Quando você deixa um país inteiro no escuro e esconde as informações sobre o avanço de uma doença, criando dúvidas sobre como a população deveria reagir, o resultado pode ser desastroso. As autoridades desaconselham as idas aos hospitais, mas não dizem como as pessoas devem proceder", afirmou Fatma Karume, ativista e ex-presidente da Tanganyika Law Society.
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Em entrevista à agência, Hassan Abbas, porta-voz do governo, lamentou que a pandemia do Covid-19 venha acompanhada de "muita fake news" sobre o que realmente ocorre no país e, apesar de não divulgar dados, garantiu que a doença está controlada.
"Pedimos fortemente que a Tanzânia compartilhe os dados verdadeiros sobre a Covid-19. Nenhum país pode ser uma ilha. Só queremos que haja cooperação por parte das autoridades", afirmou John Nkengasong Chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças na África.