Publicado 11/12/2020 12:12 | Atualizado 11/12/2020 12:14
O UNICEF lançou, nessa sexta-feira (11), a segunda rodada da pesquisa ‘Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes’. Dados mostraram que, durante os 9 meses de pandemia, a situação econômica e sanitária de famílias que tem pessoas jovens, foram as mais afetadas.
A pesquisa mostrou que a renda de famílias com crianças e adolescentes diminuiu, famílias que não conseguiram manter a alimentação por falta de dinheiro, aumentaram. Além disso, muitos estudantes não tiveram acesso à escola de forma presencial, e muitos pais têm medo de deixar que os filhos retornem às aulas presenciais. “A pandemia tem atingido crianças e adolescentes desproporcionalmente, sobretudo, aqueles que vivem nas famílias mais pobres. A queda da renda familiar, a insegurança alimentar e, praticamente, um ano de afastamento das salas de aulas terão impactos duradouros na vida de meninas e meninos”, declarou Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil.
“É fundamental a criação e o fortalecimento de políticas públicas que apoiem as famílias mais vulneráveis para superar os impactos da pandemia. Se nada for feito, o Brasil corre o risco de um aumento ainda mais forte das desigualdades que já existiam antes da pandemia, afetando particularmente crianças, adolescentes e suas famílias”, continuou Florence.
Insegurança alimentar e de renda
Outros dados mostrados na pesquisa é que 55% dos entrevistados disse ter perdido parte de renda desde que a pandemia começou, esse número representa 86 milhões de brasileiros. Entre as pessoas que residem com adolescentes ou crianças, esse número é de 61%. Dos entrevistados, 69% ganham salário mínimo, e 15% disseram que toda a renda foi perdida.
Também foi mostrado na pesquisa que, de julho a novembro, o número de pessoas que declarou não comprar algum alimento por falta de dinheiro saltou de 6% para 13%. Entre as classes D e E, esse número chega a 30%. Em casas com adolescentes e crianças esse número fica em 8%. Nas classes D e E chega a 21%. O aumento do consumo de refrigerantes, alimentos industrializados e pobres em nutrientes. Toda essa mudança aconteceu durante a pandemia, onde 54% dos entrevistados notou diferença na alimentação no mês de novembro. Em julho, era 49%.
“É extremamente preocupante o cenário de insegurança alimentar que a pandemia traz para crianças e adolescentes. Uma família que não consegue alimentar adequadamente suas crianças está vivendo na mais absoluta privação de direitos. É urgente o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas à parcela mais pobre. Elas, muitas vezes, vivem em situações de tamanha exclusão que não conseguem ter acesso aos programas sociais de distribuição de renda”, disse Florence.
Em famílias com renda de até um salário mínimo, 42% das crianças deixaram de ter acesso à merenda escolar, o que piora a qualidade da alimentação.
O fechamento das escolas, por causa do coronavírus, tem preocupado o UNICEF. Muitas crianças tinham uma alimentação melhor quando recebiam merenda escola. Há uma enorme apreensão das famílias em deixar que as crianças tenham aulas presenciais em escolas que já reabriram. Dos entrevistados, só 15% disseram que deixariam os filhos voltarem para a escola. A preocupação apareceu quando o número de crianças que estão recebendo as atividades escolares cinco dias por semana diminuiu de 63% para 52%. Além disso, cerca de 13% das famílias afirmaram que as crianças não estavam recebendo atividades das escolas, isso equivale a 7 milhões de estudantes. Durante a conferência foi lembrando que, numa possível voltas às aulas, todos os protocolos de segurança devem ser seguidos para minimizar os efeitos da pandemia.
“O longo tempo de fechamento de escolas e o isolamento social têm impactado profundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção de crianças e adolescentes. O UNICEF pede urgência aos novos governantes municipais para a reabertura de escolas com segurança e a implementação de políticas para garantir o direito à educação, olhando especialmente para as crianças e os adolescentes mais vulneráveis, que foram mais duramente impactados pelos efeitos da pandemia no País”, afirmou Florence Bauer.
Saúde Mental na pandemia
Saúde mental também foi mencionada na pesquisa, 27% dos entrevistados disseram que os jovens com os quais moram demonstraram insônia ou sono excessivo, 29% disseram que houve alteração de apetite e 28% mostraram perda de interesse na rotina. No total, 54% das famílias relataram algum comportamento fora do comum e ligado à saúde mental do jovem.
A pesquisa foi feita entre outubro e novembro desse ano. A margem de erro é de três pontos percentuais para menos ou para mais.
*estagiária sob supervisão de Aloy Jupiara
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