Os ministros da Opep dizem que quase certamente deixarão seu teto de produção de petróleo inalterado quando o grupo se reunir, nesta semana. O que realmente importa para os mercados globais é se a Arábia Saudita responderá ao déficit global de abastecimento bombeando um volume recorde de óleo.
Há apenas seis meses, analistas de energia previam que a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo subiria demais e que a Arábia Saudita precisaria reduzir o bombeamento para abrir espaço para outros fornecedores. Eles mudaram de ideia depois que a produção da Líbia, do Irã e do Iraque não se recuperou conforme o previsto e os estoques dos países industrializados atingiram o nível mais baixo para esta época do ano desde 2008. A Arábia Saudita pode precisar bombear um recorde de 11 milhões de barris por dia até dezembro para cobrir os outros países membros, diz a Energy Aspects Ltd., uma empresa de consultoria.
“Agora, não se trata de os sauditas abrirem espaço, mas de saber se eles manterão isso funcionando e se manterão uma capacidade suficiente de reserva”, disse Jamie Webster, analista em Washington da IHS Inc., empresa de pesquisas sobre o setor. “A Opep está tendo cada vez mais dificuldades para simplesmente fazer seu trabalho de conseguir todos os barris necessários”.
No momento em que a revolução norte-americana do xisto impulsiona a produção dos EUA para um pico em três décadas, o fornecimento em outras partes do mundo está vacilando. A batalha pelo controle político na Líbia, ataques a oleodutos no Iraque e prolongadas sanções contra o Irã estão impedindo que esses países retomem o ritmo de produção. Embora os estoques de petróleo bruto dos EUA tenham atingido uma alta recorde em abril, as restrições às exportações estão segurando esses estoques no país, temperando as previsões de que os preços globais do petróleo cairão neste ano.
Reunião de dezembro
Vários países da Opep não conseguiram aumentar a produção como sugeriram seus ministros na última reunião do grupo, em dezembro. O Iraque visava a um aumento de cerca de 30% em 2014, para 4 milhões de barris por dia, disse o ministro do Petróleo, Abdul Kareem al-Luaibi. A Líbia pretendia restaurar dentro de 10 dias sua capacidade diária plena, de quase 1,6 milhão de barris, ante menos de 20% anteriormente, disse o ministro do Petróleo, Abdulbari al-Arusi. O Irã havia assegurado seis meses de alívio em relação às sanções impostas pelos governos ocidentais e estava buscando sua produção mais alta em cinco anos, disse o ministro do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh.
A produção diária do Iraque encolheu 8% desde que o país chegou ao um pico em 35 anos, de 3,6 milhões de barris, em fevereiro, em meio a disputas políticas e explosões em oleodutos, segundo a Agência Internacional de Energia. Na Líbia, a produção caiu para um décimo da capacidade por causa de protestos em campos de petróleo e de greves em terminais de exportação. O fornecimento iraniano foi pouco alterado, enquanto o fim do alívio às sanções, em julho, está próximo, caso o país não possa chegar a um acordo mais amplo em relação ao seu programa nuclear.
O ministro saudita do Petróleo, Ali Al-Naimi, disse a repórteres em Seul, em 12 de maio, que qualquer escassez no fornecimento no mercado do petróleo pode ser coberta. O reino é capaz de produzir até 12,5 milhões de barris ao dia de petróleo bruto e bombeou 9,67 milhões em maio, segundo dados compilados pela Bloomberg. Assessores de imprensa do Ministério do Petróleo da Arábia Saudita não estavam disponíveis para comentar o assunto quando foram contactados pela Bloomberg, em 6 de junho e ontem. Não houve resposta a um e-mail enviado ontem ao departamento de comunicação da companhia estatal Saudi Aramco.
“Na época da última reunião da Opep, havia uma certa preocupação quanto ao que aconteceria se as interrupções na produção de países-chave começassem a voltar em grandes proporções”, disse Mike Wittner, diretor de pesquisas sobre o mercado do petróleo do Société Générale SA em Nova York. “Não está acontecendo tudo isso em grandes proporções. Isso significa que o mercado precisa que os sauditas produzam mais petróleo”.