Por marta.valim

O Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento global em meio a perspectivas mais fracas para os EUA, a Rússia e a China, e pediu que os mercados emergentes fortaleçam suas economias antes que o Federal Reserve suba as taxas de juros.

O credor com sede em Washington prediz que a economia mundial se expandirá 2,8% neste ano, frente a uma projeção de 3,2% feita em janeiro. O prognóstico para os EUA foi reduzido de 2,8 % para 2,1%, e as perspectivas para o Brasil, a Rússia, a Índia e a China também foram recortadas. É possível que os reveses sejam temporários: a estimativa de crescimento econômico mundial para 2015 permaneceu inalterada, em 3,4%.

“A economia global teve um começo agitado neste ano, afetado pelo clima ruim nos EUA, a turbulência nos mercados financeiros e o conflito na” Ucrânia, disse o Banco Mundial em seu relatório de Perspectivas Econômicas Globais. “Apesar da fraqueza inicial, espera-se que o crescimento acelere à medida que o ano avança”.

As economias desenvolvidas, cuja demanda doméstica está melhorando pelo relaxamento da pressão fiscal e pela recuperação dos mercados de trabalho, estão impulsionando a expansão global ao mesmo tempo em que os países em desenvolvimento não estão conseguindo acelerar. O banco projeta que o crescimento no Brasil e na China diminua neste ano em relação a 2013.

No relatório, o Banco Mundial advertiu os mercados emergentes de que a próxima onda de agitação financeira poderia pegá-los desprevenidos, e recomendou déficits orçamentários menores, taxas de juros mais altas e medidas para aumentar a produtividade.

Políticas do Fed

Nos últimos doze meses, ativos de mercados emergentes se recuperaram de dois períodos de liquidação, um deles em maio de 2013, depois que o Fed indicou pela primeira vez seus planos para reduzir os estímulos monetários nos EUA. Desde então, o rendimento extra exigido pelos investidores para preferirem dívida de países em desenvolvimento denominada em dólares a títulos do Tesouro americano diminuiu ao menor valor desde janeiro de 2013.

Essa recuperação está dando uma trégua aos países para que eles fortaleçam suas economias antes da inevitável alta nos custos de tomar empréstimos que ocorrerá depois do aumento de taxas de juros do Fed, disse Andrew Burns, o economista do Banco Mundial que liderou a criação do relatório.

“O nosso conselho a esses países é ‘escutem, vocês têm um ano, vejamos o que podemos fazer para reduzir essas vulnerabilidades até então para que, quando o problema geral chegar, vocês não sejam agarrados por ele’”, disse ele em uma entrevista.

O banco reduziu sua perspectiva de crescimento para a Rússia em 2014 de uma previsão de 2,2 por cento em janeiro para 0,5%. A instituição considera que a Ucrânia se contrairá 5%. “Uma grande escalação das tensões na Ucrânia apresenta riscos agudos à economia global”, de acordo com o relatório. “Eles poderiam operar através de diversos canais”, como as vinculações financeiras e commodities.

Para 2015, o banco subiu suas previsões para os EUA, a zona do euro e o Japão, países que, segundo ele, poderiam sustentar o crescimento nos mercados emergentes. Contudo, muitos países em desenvolvimento já estão crescendo a um ritmo próximo do seu potencial e enfrentam limitações na capacidade, ao passo que outros serão afetados pela queda nos preços das commodities, segundo o banco. Como grupo, projeta-se que eles cresçam 4,8 por cento neste ano, comparado com uma previsão de 5,3 por cento em janeiro, disse o banco.

Brasil e China

A instituição de ajuda para o desenvolvimento também diminuiu sua perspectiva de expansão para o Brasil, de 2,4% para 1,5%. Agora projeta-se que a Índia cresça 5,5 %, comparado com uma estimativa de 6,2% em janeiro, e a expansão da China foi reduzida de um crescimento de 7,7% para 7,6%, mostrou o relatório do banco.

“As taxas de crescimento no mundo em desenvolvimento ainda são modestas demais para criarem o tipo de empregos de que precisamos para melhorar as vidas do 40% mais pobre”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em um comunicado de imprensa. “Claramente, os países precisam atuar mais rapidamente e investir mais em reformas domésticas estruturais para levar o crescimento econômico amplo aos níveis necessários para colocar um fim à pobreza extrema na nossa geração”.

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