Por marta.valim

A polícia de Nova York, que ficou mundialmente conhecida por sua rígida política de combate ao crime “Tolerância Zero” nos anos 90, passará a ser monitorada de perto contra eventuais abusos de poder. Nos próximos meses, 60 policiais que circulam nos cinco bairros mais violentos da cidade, usarão câmeras no corpo como parte de um experimento inicial. A atitude tradicional da polícia nova-iorquina é a abordagem “Pare e reviste”. Mas grupos de defesa dos direitos humanos reclamam de abusos durante as revistas.O corpo policial de Nova York é o maior dos Estados Unidos, com 35 mil homens e mulheres.

Segundo Bill Bratton, comissário da polícia da cidade, serão testados dois modelos de câmera. Um deles é a Vievu LE3, uma espécie de câmera-clipe que é presa na camisa do policial. A Vievu é ligada automaticamente após o obturador da lente ser aberto. A outra câmera a ser testada é a Axon Flex, do tamanho de um dedo, que pode funcionar acoplada nos óculos, orelha ou ombro. Fabricada pela empresa Taser, ela grava e armazena automaticamente vídeos de 30 segundos sem áudio. Mas quando um policial aperta o botão da câmera, um vídeo sem tempo pré-determinado e com áudio é gravado. O projeto custou US$ 60 mil à Police Foundation, entidade privada que arrecada verbas para iniciativas da polícia de Nova York.

As câmeras, segundo Bratton, “vão oferecer transparência e proteção para a polícia e também para os cidadãos ”. A ideia de fazer policiais de Nova York usar câmeras de corpo já havia sido sugerida no ano passado por um juiz federal como uma forma de avaliar o trabalho deles durante as abordagens dos suspeitos.“A cidade de Nova York vai fazer de tudo para ser a mais segura do nosso país. E isso significa testar novos métodos e estar à frente no uso de tecnologias de ponta como câmeras de corpo”, comentou o prefeito da metrópole americana, Bill de Blasio.

O prefeito anterior, Michael Bloomberg (que governou por três mandatos, entre 2002 e 2013), qualificava a ideia das câmeras de corpo como “pesadelo”. Bloomberg reafirmou a política de combate ao crime “Tolerância Zero”, criada pelo seu antecessor Rudolph Giuliani. Milhares de pequenos e médios departamentos de polícia do país tem usado câmeras de corpo nos últimos anos e muitas forças policiais de cidades grandes, como Washington e Los Angeles, já começaram a testá-las. As câmeras de corpo foram identificadas como solução potencial para controlar a brutalidade policial, principalmente após semanas de violentos protestos na cidade de Ferguson, no estado do Missouri, motivados pelo assassinato, no dia 9 de agosto, de Michael Brown, um jovem negro desarmado por um policial branco.

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