Por rafael.souza

Caracas - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou seu colega americano, Barack Obama, de compartilhar a "obsessão" contra si que atribuiu a seu antecessor, George W. Bush, embora tenha destacado que pela "primeira vez" falou de tirá-lo do poder.

"Quando li essa declaração, não acreditei (...); primeira vez que diz que é preciso mudar o governo. Quem é você, Obama, para opinar sobre a Venezuela? Se ocupa com seu país que está bem mal!", manifestou o chefe de Estado venezuelano ao canal "Telesur", com sede em Caracas.

Nicolás Maduro Efe

Após expressar sua preocupação pela economia venezuelana, Obama disse ontem ao canal "CNN" que "o povo venezuelano tem que determinar um governo em que ele confie, que seja legítimo, para começar a implementar políticas econômicas que o tire do espiral no qual está. Isso será melhor para todos nós". "O Obama de Washington se parece muito com Bush. O que Obama disse contra mim se parece muito com as velhas obsessões. É uma obsessão que Obama tem contra nós", respondeu ontem à noite Maduro.

O governante sul-americano acrescentou que Obama "está se desesperando" e lamentou que queira "passar à história como uma mancha contra a Venezuela".

Maduro alertou que as palavras de Obama seguirão encorajando a oposição venezuelana que já entrou, sustentou, "na loucura" e decidiu tirá-lo neste mesmo ano do palácio presidencial. Também nisso Obama segue "os passos de seu antecessor" Bush, que "buscou todos os caminhos" para derrocada dos líderes venezuelanos, principalmente "através de financiamento e respaldo a ações golpistas promovidas por setores da direita", acrescentou Maduro.

Maduro lembrou nesse sentido que Obama renovou na semana passada o decreto que emitiu há um ano mediante o qual declara a Venezuela "ameaça incomum e extraordinária" à segurança dos Estados Unidos. Isso implica, denunciou, em um "sinal verde para o golpismo e o terrorismo, sinal verde para a loucura". "Estamos passando por tempos de dificuldades. Não estamos no melhor momento da época de mudança, tenho certeza que o destino de nosso projeto será a vitória e onde houve derrotas, haverá vitórias outra vez", acrescentou o líder sul-americano.

Maduro vinculou sua sorte à dos ex-presidentes da Argentina Cristina Kirchner e Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrentam o que chamou de "ofensiva judicial" supostamente ordenada por Obama. O americano, segundo Maduro, pretende "inabilitar e processar dois dos grandes líderes da América Latina e o Caribe: Cristina Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o julgamento político que a direita tenta contra da atual governante do Brasil, Dilma Rousseff", sustentou.

Obama manifestou à "CNN" que seu decreto pretende castigar descumprimentos venezuelanos a "práticas democráticas básicas", o que, avaliou, é "daninho não só" para a nação caribenha, mas para a estabilidade regional, porque "podia prejudicar seus países vizinhos".

Ao ser informado sobre a renovação do decreto de Obama, Maduro retirou na quarta-feira passada o encarregado de negócios da Venezuela em Washington, Maximilien Sánchez Arveláiz, a quem os EUA nunca concedeu o beneplácito para reconhecê-lo como embaixador. O presidente venezuelano também submeteu a relação bilateral à "revisão integral" e deu a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, "instruções precisas para nas próximas semanas dar os passos para defender a pátria", manifestou.

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