Por caio.belandi
Vaticano - O papa Francisco concedeu nesta segunda-feira aos sacerdotes a liberdade de absolverem ou não as pessoas que cometeram aborto e procuraram a Igreja Católica para se redimir. A orientação foi publicada na carta apostólica "Misericordia et Miseria", divulgada hoje pelo Vaticano. O texto marca o encerramento do Ano Santo do Jubileu, que foi dedicado ao tema da misericórdia.

A carta apostólica estabelece uma série de novas instruções para que a misericórdia seja adotada como prática diária entre os católicos. Dessa forma, os sacerdotes ficam livres para decidirem perdoar ou não uma pessoa que cometeu aborto. Isso abre caminhos para médicos e mulheres que já cometeram ou participaram de abortos. Até hoje, os dois eram impedidos automaticamente de se comungarem na Igreja e o status só poderia ser revertido em casos específicos por bispos ou delegados. 

"Com todas as minhas forças, digo que o aborto é um pecado grave, porque coloca fim a uma vida inocente", afirmou o Papa. "Mas peço aos sacerdotes que sejam guias e dêem apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes", ressaltou o líder católico.

Padres e sacerdotes poderão conceder perdão a médicos e mulheres que se envolverem em abortosEfe

"Para que nenhum obstáculo se coloque entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo, a partir de hoje, a todos os sacerdotes, na força de seus ministérios, a faculdade de absolver os que os procuram pelo pecado do aborto", determinou Francisco. Além da questão do aborto, o Papa validou as confissões celebradas por sacerdotes lefebrvianos e oficializou o trabalho dos "missionários da misercórdia", postos criados durante o Jubileu para "escutar e perdoar os fiéis".

No texto, Francisco disse que a misericórdia é um "valor social" que deve "restituir a dignidade de milhões de pessoas". Por isso, ele também criou o Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado em toda a Itália Católica. Em um claro recado à ala conservadora do Vaticano, o Papa escreveu em sua carta apostólica que "nada que um pecador arrependido coloque diante da misericórdia de Deus pode permanecer sem o seu abraço e o seu perdão". "Comunicar a certeza do Deus que ama não é um exercício retórico, mas uma condição de credibilidade do próprio sacerdócio", disse Francisco.