Por clarissa.sardenberg
Estados Unidos - Em uma grave mudança de tom, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira que os russos podem estar por trás dos ataques cibernéticos contra o governo no ano passado. "Eu acho que foi a Rússia, mas eu acho que não podemos focar em um país só porque tivemos muitas invasões de hackers de várias partes do mundo", disse Trump. Segundo o magnata, "o comitê democrata estava aberto para ser invadido e o sistema deles é muito ruim. Eles tentaram sim entrar e invadir os computadores dos republicanos, mas não conseguiram, e temos que fazer isso pelo país".
Donald Trump em entrvista coletiva nesta quarta-feira EFE

A fala de Trump ocorre menos de 24 horas após a mídia norte-americana divulgar uma série de documentos de que a Inteligência russa teria um dossiê comprometedor sobre ações do magnata, que envolveriam orgias com prostituas em São Petersburgo em 2013.

Durante a coletiva de imprensa, ele ainda bateu boca com um repórter da emissora "CNN" e se recusou a ouvir sua pergunta. "Sua empresa é horrorosa. Vocês publicam notícias falsas", disse ao repórter impedido de trabalhar. A "CNN" foi uma das empresas jornalístas do país que divulgaram o dossiê sobre supostas informações obtidas pelos russos sobre Trump.

O futuro líder norte-americano voltou a negar as acusações, dizendo que a imprensa "publicou a maior mentira" sobre ele até hoje e que isso "nunca deveria isso ter sido liberado. Eu acho que é uma desgraça absoluta".

"Eu acho que se eles tivessem isso em mãos, teriam divulgado isso com alegria como fizeram com a Hillary [Clinton]. Eles jamais deveriam ter invadido as contas de Hillary, mas vamos lembrar dessas invasões de hackers que revelaram que Hillary recebeu as perguntas para o debate [presidencial], isso é horrível. Se fosse eu que recebesse as perguntas, seria a maior notícia da face da terra", disse ainda.
Publicidade
Trump acrescentou que "fora dos Estados Unidos, sempre tive comportamento irrepreensível" e que o fato de admirar o presidente russo Vladimir Putin é "uma coisa positiva". "Não sei qual a relação que terei com Putin, mas espero que seja bem positivo", acrescentou.
Ele ainda voltou a criticar a Inteligência de seu país, que teria membros que "divulgaram informações falsas" e que se isso for comprovado é "uma mancha" para o serviço secreto. "O encontro com a Inteligência era confidencial. É uma desgraça, vergonhoso que aquelas informações foram divulgadas. Todas coisas nunca feitas, foram nossos opositores", ressaltou.
Publicidade
Hackers
Os serviços de Inteligência e de Segurança dos Estados Unidos revelaram em relatório que Putin "ordenou" uma campanha cibernética para ajudar Trump e influenciar no resultado das eleições presidenciais de novembro. O relatório, divulgado no dia 6 de janeiro, confirma as versões da CIA de que os ataques contra o Partido Democrata eram feitos pelo Kremlin para comprometer a então candidata à Presidência Hillary Clinton.
Publicidade
Os sites russos teriam, com a permissão de Putin, passado essas informações para o Wikileaks, de Julian Assange. Entre os dados roubados, estariam informações sobre favorecimento na corrida eleitoral à Hillary.
Por causa desses relatórios, o atual presidente, Barack Obama, expulsou 35 diplomatas russos dos EUA, declarando-os persona non grata. No entanto, desde que foram divulgadas as informações da "ajuda" russa, Trump rebateu e disse que não acreditava na questão porque era um "lamento" dos democratas.
Publicidade
Muro do México
Trump voltou a falar sobre a construção do muro na fronteira com o México e disse que o país vizinho irá "reembolsar" os valores da construção. "Poderemos esperar um ano, um ano e meio, mas não quero. O México nos reembolsará de alguma maneira, mas vai reembolsar", disse sobre a pressa em construir os muros.