Por rafael.nascimento
Genebra - A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) se mostrou nesta sexta-feira "extremamente alarmada" pelos grandes deslocamentos no Sudão do Sul, já que mais de 1,5 milhão de pessoas fugiram do país em busca de proteção desde que começou o conflito armado em dezembro de 2013.
Assim, o Sudão do Sul se transformou "na maior crise de refugiados da África" e "na terceira do mundo" após as de Síria e Afeganistão, segundo a Acnur, que lembrou que, adicionalmente, 2,1 milhões de pessoas estão deslocadas dentro do país. O conflito armado no Sudão do Sul começou quando o presidente Salva Kiir (de etnia dinka) acusou o ex-vice-presidente Riak Machar (da tribo rival nuer) de ter orquestrado um golpe de Estado. "Estamos pedindo a todas as partes envolvidas no conflito que busquem urgentemente uma solução pacífica para a crise, sem a qual milhares de pessoas seguirão chegando todos os dias aos países vizinhos de Uganda, Etiópia, Sudão, Quênia, República Democrática do Congo e República Centro-Africana", disse a Acnur em comunicado.
Foto recente mostra outros refugiados do Sudão do Sul em um barco na Etiópia.Divulgação / Acnur

Esta crise, no entanto, recebeu menos atenção e sofre "níveis crônicos de falta de financiamento" para poder fazer frente ao problema, lamentou a organização, que pediu em 2016 recursos de US$ 649 milhões e só recebeu 33% deste montante. Para 2017, a Acnur solicita US$ 782 milhões para operações regionais no Sudão do Sul e nos países vizinhos.

A falta de recursos dificulta os esforços da agência para salvar vidas mediante o fornecimento de água potável, alimentos e serviços médicos e sanitários, explicou a agência. Segundo dados da Acnur, fugiram do Sudão do Sul no ano passado mais de 760 mil refugiados, em parte pela intensificação do conflito no segundo semestre. Em média, cerca de 63 mil sul-sudaneses tiveram que deixar o país por mês e 500 mil fugiram de seus lares desde setembro.

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Mais de 60% dos refugiados são crianças, muitas dos quais chegam a outros países com "níveis alarmantes de desnutrição", constatou a Acnur.
Os recém-chegados aos países vizinhos afirmam que há intensos combates armados, além de sequestros, estupros, ameaças de morte e uma carência acentuada de alimentos. As pessoas que fogem do Sudão do Sul são amparadas pelas comunidades mais pobres nos países vizinhos, que se encontram sob enorme pressão pela falta de recursos. 
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Os refugiados sul-sudaneses estão em Uganda (698 mil), Etiópia (342 mil), Sudão (305 mil), Quênia (89 mil), República Democrática do Congo (68 mil) e República Centro-Africana (4.900).