Por thiago.antunes

Coreia do Norte - Para o governo do lunático Kim Jong-un, a prova de que a Coreia do Norte já “é capaz de atacar qualquer lugar do mundo”. Para o Ocidente, nova afronta, que, embora exagerada pela mídia estatal, merece resposta à altura. Para o mundo, um indesejável acirramento das tensões na Ásia.

Pyongyang anunciou nesta terça que testou com sucesso míssil balístico intercontinental (ICBM) que “pode transportar carga nuclear grande e pesada”, o que encurtaria a distância para atacar o território dos Estados Unidos. O projétil poderia alcançar o Alasca.

O teste provocou forte reação do presidente americano Donald Trump, que pediu à China, principal aliado de Pyongyang, para “acabar com este absurdo de uma vez por todas”. Pequim defendeu os “esforços incessantes” para resolver o problema nuclear norte-coreano e pediu “contenção” a todas as partes.

Alcance do míssil lançado pela Coreia do NorteArte%3A O Dia

Em comunicado conjunto, Rússia e China pediram que a Coreia do Norte instaure “moratória” sobre testes nucleares e lançamentos de mísseis e que os EUA cessem os exercícios militares na região.

O lançamento “histórico” do míssil Hwasong-14 foi supervisionado pelo líder do país, Kim Jong-un. O líder disse que “os bastardos americanos não vão ficar muito contentes com esse presente enviado pelo aniversário de 4 de julho”.

Rindo, o ditador norte-coreano acrescentou que “deveria enviar presentes de vez em quando para ajudá-los a sair do tédio”. O míssil alcançou altitude de 2.802 km e sobrevoou distância de 933 km.

Apesar de Pyongyang afirmar o contrário, analistas duvidam da capacidade da Coreia do Norte de miniaturizar uma ogiva nuclear e armar um míssil, assim como de sua capacidade para controlar a tecnologia de retorno à atmosfera, necessária para um foguete intercontinental.

Mas todos os especialistas concordam sobre os avanços consideráveis dos programas balístico e nuclear de um dos países mais isolados do mundo desde 2011, quando Kim Jong-un chegou ao poder. “Este cara não tem nada melhor para fazer com sua vida?”, questionou Trump no Twitter. “É difícil acreditar que Japão e Coreia do Sul vão suportar isto por muito mais tempo”, completou.

Retaliações à nova afronta

- O que vai mudar?

Pyongyang realizou cinco testes nucleares, dois deles em 2016, e multiplica esforços para produzir uma ogiva pequena o bastante para ser acoplada num míssil. Estar em posse de um foguete intercontinental, como o de ontem, aumentaria o peso de Pyongyang para obter concessões dos EUA. Contudo, colocar vários mísseis para funcionar não é rápido, explicou Lee Chun-Keun, do Instituto de Política Científica e Tecnológica de Seul.

- Como retaliar?

A Coreia do Norte já sofre várias sanções das Nações Unidas e está isolado financeiramente há anos; logo, novas sanções teriam pouco impacto. Opção são as ‘sanções secundárias’ contra empresas que comercializam com o país e que, nesse caso, poderiam afetar a China.

- E a China?

Norte-coreanos dependem de Pequim para obtenção de divisas e intercâmbios comerciais. No começo de 2016, Pequim deu fim às importações de carbono norte-coreano. Mas a China parece pouco propensa a impor medidas que desestabilizem a Coreia. Pequim teme particularmente a queda do regime, que acarretaria na chegada massiva de refugiados a seu país ou até, no pior dos casos, na entrada de tropas americanas na fronteira, em uma futura Coreia reunificada.

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