Por tabata.uchoa

Rio - É irresistível. Seja depois das refeições ou até mesmo durante o trabalho, quem não sente aquela vontade de comer um docinho? Nove em cada dez pessoas têm essa necessidade no dia a dia e o motivo vai além da tentação. O desejo é fisiológico e está ligado ao estado de baixa de açúcar no sangue, o que é muito comum no organismo. Mas se você é daqueles que torna a vontade um hábito, cuidado, pois o excesso de ingestão de doces é um grande vilão para saúde.

A tentação pelo açúcar vai além de um desejo%2C é fisiológicaAgência O Dia

Em Ipanema, a Confeitaria Doce Pecado é o point pós-almoço. “Costumamos vender pelo menos 200 quindins, tortas, cajuzinhos, pudins e beijinhos, por dia depois do almoço”, contou Marilene dos Santos, gerente da unidade. Mas como explicar essa necessidade açucarada? A nutricionista do Hospital São Cristóvão, Ana Paula Gonçalves, explica que os alimentos mais pesados, ricos em carboidratos, demoram a ser processados, dando a impressão que o indivíduo ainda está com fome.

Juliana Risso%2C nutróloga%2C diz que doce é capaz de provocar felicidadeDivulgação

“Muitos de nós temos o que chamamos de hipoglicemia reativa, um estado de baixa de açúcar no sangue, consequência de uma liberação excessiva de insulina. Quando isso acontece, o cérebro aciona a necessidade de glicose na corrente sanguínea. Então, vem o desejo do famoso docinho” detalhou a nutricionista.

A nutróloga Juliana Risso, do Hospital Estadual Pedro Ernesto, também ressalta que a necessidade do organismo por doce é fisiológica e não apenas tentação. “Algumas pessoas atribuem a baixa de glicose no sangue ao estresse, alterações genéticas, força do hábito e até troca de um vício por outro, como por exemplo, parar de fumar”, explicou.

Juliana frisa que a vontade de comer doce também está ligada à baixa produção de serotonina, um neurotransmissor que regula o humor, o bem-estar, o sono e o apetite. “A glicose atua no cérebro, dando uma sensação de prazer e felicidade. Então, os doces, consumidos em quantidades corretas, não são vilões, pois se transformam em rica fonte de combate ao estresse”, garantiu Juliana. Como é chamado de alimento dos neurônios, o corpo ‘pede’ açúcar quando precisa de energia.

Para controlar os excessos, Ana Paula aconselha a busca por alimentos estratégicos, como aveia, banana, maçã, canela, castanha-do-pará e grãos. A redução do consumo de doces tradicionais deve ser devagar, para não causar o ‘efeito rebote’, quando a pessoa passa a comer mais doces que antes. Após as refeições, em vez de sobremesas com muito açúcar ou biscoitos industrializados, o mais indicado são frutas frescas ou secas.

Alessandra Furtado come doces todo dia%2C mas não descuida da boa formaMárcio Mercante / Agência O Dia

“Uvas passas e tâmaras são boas alternativas”, explicou. Picolés de frutas, com baixos teores de açúcar e gordura, ao contrário das versões cremosas, são indicados, assim como gelatinas e pudins lights. Já no preparo de bolos e doces, a dica é o uso de açúcar mascavo, melado ou mel, no lugar do refinado. “Tudo isso, claro, aliado a exercícios físicos regulares, com orientações médicas para cada organismo”.

A empresária Alessandra Furtado, de 42 anos, tem o hábito de doces após a refeição desde criança, mas mesmo assim mantém sua forma escultural. Para não engordar e manter as taxas de açúcar dentro dos limites, ela evita passar em frente a docerias e estocar doces em casa. Quando não resiste, compra os menos calóricos. “Evito excesso de sal, que atiça a vontade de comer doces e mastigo bem devagar os alimentos. Dou preferência a folhosas cruas e faço caminhadas todos os dias”. 

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