Por lucas.cardoso

Caracas - A aposentada venezuelana Miriam de Rengifo, de 69 anos, busca, regularmente, a cesta de alimentação que o governo vende a baixos preços. Chavista, ela aplaude esse programa, mas admite que ele não lhe entrega o suficiente para sobreviver. 

O pacote inclui atum enlatado, arroz, massa, feijão, farinha, azeite, leite, açúcar, entre outros. Mas só chega a cada um mês e meio. Miriam tem que fazer malabarismos para comprar o restante de alimentos, medicamentos e produtos de higiene. 

Venezuela durante votação da Assembleia ConstituinteAFP

O presidente Nicolás Maduro prometeu aos venezuelanos que a Assembleia Constituinte, que rege o país há duas semanas, vai resolver a situação.  Quando fazia um discurso contra a ameaça do presidente americano, Donald Trump, de usar a "opção militar" na Venezuela, Maduro foi interrompido por gritos da população.

"Baixem os preços!", pedia o público. "Vamos conseguir", respondeu o mandatário. "Que a Constituinte ouça isso, essa é a prioridade, isso, sim, que ninguém se desespere". 

A Constituinte eleita entre denúncias de fraude e rechaço internacional tem entre suas tarefas conceber um sistema econômico "pós-petroleiro".  A Venezuela vive uma grave crise econômica por causa da queda dos preços do petróleo, fonte de 96% das suas divisas. Por isso, o governo, que desde 2003 monopoliza os dólares com controle férreo dos câmbios, reduziu suas importações e as atribuições do setor privado. 

A escassez de alimentos, remédios e outros bens básicos é crônica. Para piorar, muitos empresários precisam importar matérias-primas e produtos em dólares do volátil mercado negro, o que dispara a inflação, projetada pelo FMI em 720% para esse ano. 

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