Por rodrigo.sampaio

Los Angeles - Morreu nesta quarta-feira, aos 91 anos, Hugh Hefner, fundador da revista Playboy. Ele faleceu de causas naturais em sua casa, a mansão Playboy, que fica em Los Angeles. 

O anúncio da morte de Hefner foi divulgado pela conta da revista, no Twitter: "A vida é muito curta para viver o sonho de outra pessoa", escreveu a conta, parafraseando o homem que levou a imagem de mulheres nuas ao imaginário coletivo americano. 

Hugh Hefner morre aos 91 anos AFP

Criada em 1953, a revista teve um papel importante na mudança de atitude a respeito da sexualidade registrada no século XX. Mestre do marketing, a habilidade de Hefner para a autopromoção tornou impossível separar a sua própria imagem da de seu império.

A primeira publicação da revista foi em 1953, quando não havia espaço para falar sobre sexo nos Estados Unidos. Em plena década de 50, Hefner publicou fotos de Marilyn Monroe nua. Apesar de proibidas para adolescentes, as publicações tornaram-se uma espécie de "bíblia" para os homens.

O conteúdo trazia fotos e textos picantes - além de entrevistas dinâmicas e profundas com personagens como Fidel Castro, John Lennon, Frank Sinatra, Marlon Brando, o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter. 

"Meu pai viveu uma vida excepcional e impactante. Defendeu alguns dos movimentos sociais e culturais mais importantes do nosso tempo, a liberdade de expressão, os direitos civis e a liberdade sexual", destacou Cooper Hefner, filho de Hugh, diretor criativo da Playboy, em um comunicado. 

Mesmo com a idade avançada, Hefner manteve um papel ativo na parte editorial de sua revista, definindo capas e a "coelhinha" de cada mês. "Ele definiu um estilo de vida e um ethos que estão no coração da marca Playboy, uma das mais reconhecíveis e duradouras da história", completou Cooper. 

Além de Cooper, Hugh Hefner deixa os filhos David e Marston, e a filha Christie. Ele era casado desde 2010 com a modelo Crystal Harris, 60 anos mais nova que ele, após dois divórcios nos anos 50.

Nos últimos anos de sua vida, também frequentou clubes noturnos e manteve um grupo de jovens namoradas, um estilo de vida que ele garantia que o mantinha jovem. 

Hugh Hefner e a noiva Crystal HarrisAFP

Mudanças nos últimos anos

Em uma entrevista concedida à AFP em 2003, Hefner disse que gostaria de ser "lembrado como alguém que teve um impacto positivo nas mudanças dos valores sexuais sociais de sua época".

A revista Playboy anunciou em outubro de 2015 que deixaria de publicar fotografias de mulheres completamente nuas, indicando que este tipo de imagem não tinha mais razão de ser na era da internet, já que a pornografia está cada vez mais disponível.

"O clima político e sexual de 1953, o ano em que Hugh Hefner introduziu a Playboy ao mundo, já não se parece com o atual. Agora você está a apenas um 'clique' de todos os atos sexuais imagináveis de forma gratuita. Então é algo fora de moda no momento", afirmou na ocasião o diretor executivo da revista , Scott Flanders ao jornal The New York Times. 

Mansão Playboy

Em meados de 2016, a Mansão Playboy, cenários das festas organizadas por Hefner, foi vendida a um empresário americano, filho de um bilionário que comprou a marca de muffins Twinkie.

Segundo os termos do acordo, Hefner poderia continuar morando até sua morte na famosa casa de estilo gótico, avaliada em 200 milhões de dólares. 

Construída em 1927 e comprada por Hefner por um milhão de dólares em 1971, a propriedade com uma piscina com cavernas e cascatas simboliza os excessos de Hollywood. Durante suas festas épicas, os convidados conviviam com as célebres "coelhinhas". 

Já com idade avançada%2C Hefner participou ativamente do editorial da Playboy e escolhia as 'coelhinhas' de cada ediçãoAFP

Elvis Presley teria dormido com oito "coelhinhas" ao mesmo tempo na casa de 12 quartos, enquanto John Lennon queimou um quadro de Matisse ao largar um cigarro de modo negligente.

O imóvel foi vendido quando a revista acabara de lançar sua nova fórmula levemente mais convencional, onde as modelos continuavam nuas, mas sem imagens frontais dos órgãos sexuais. 

Últimos anos

Hefner ajudou em 2010 a salvar as famosas letras que formam a palavra "Hollywood" sobre as colinas de Los Angeles, com a ajuda do então governador da Califórnia, o ator Arnold Schwarzenegger, e de celebridades como Steven Spielberg ou Tom Hanks.

A atração turística esteve a ponto de desaparecer quando os proprietários dos terrenos ao pé da colina pensaram em vendê-los.

"Hefner adotou uma abordagem progressiva não só para sexualidade e humor, mas também para a literatura, política e cultura", destacou a Playboy.

Edições brasileiras

No Brasil, a Playboy também marcou época, apresentando a nudez de atrizes e personalidades. A publicação esteve sob comando da editora Abril durante 40 anos.

Em 2015, após reformulação da editora, a publicação passou para outras mãos - começou a ser feita pela Playboy Brasil (PBB), dirigida por um grupo paranaense sem experiência no ramo editorial. 

Com informações da AFP e Estadão Conteúdo

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