Por marlos.mendes
EUA - Os Estados Unidos manterão seus canais de comunicação abertos com a Coreia do Norte, mas continuam pressionando Pyongyang para que interrompa seus testes nucleares e de mísseis, segundo informou, nesta sexta-feira, o secretário de Estado Rex Tillerson.
Ao Conselho de Segurança da ONU, Tillerson afirmou que "é preciso produzir uma interrupção substancial do comportamento ameaçador da Coreia do Norte antes que as negociações comecem" com Pyongyang.

Há poucos dias, o chefe da diplomacia americana provocou rumores de que Washington estaria buscando o início de negociações sem condições prévias.

Rex Tillerson e o Secretário Geral da ONU%2C Antonio GuterresAFP

A Casa Branca informou, entretanto, que não havia mudança na política americana e Tillerson não repetiu sua oferta na reunião do Conselho.

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"A Coreia do Norte deve voltar à mesa" de negociação, disse. "A campanha de pressão deve continuar e continuará até que se consiga a desnuclearização".
"Enquanto isso, manteremos nossos canais de comunicação abertos", pois "não queremos ou buscamos a guerra com a Coreia do Norte", disse.
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Tillerson havia planejado em seu discurso repetir a oferta de negociar sem condições prévias, mas não levou a intenção adiante.
Perguntado sobre a mudança, o secretário de Estado disse a jornalistas que Washington não fará concessões próprias para garantir as negociações, mas insistiu que os canais de comunicação seguem abertos e que "os norte-coreanos sabem onde está a porta".
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"Medida desesperada" 
O embaixador da Coreia do Norte na ONU, Ja Song-Nam, fez uma rara aparição na reunião desta sexta-feira, presidida pelo Japão, que anunciou novas sanções dirigidas a entidades chinesas, entre outras medidas.

Em sua intervenção, o norte-coreano criticou Japão e Estados Unidos.

"Esta reunião é uma medida desesperada dos Estados Unidos, aterrorizado por nosso impulso", disse. "A Coreia do Norte é uma potência nuclear responsável" que "respeitará suas obrigações de não proliferação".

Embaixador da Coreia do Norte na ONU%2C Ja Song-NamAFP

"Não aceitaremos jamais uma Coreia do Norte dotada de armas nucleares", rebateu Tillerson.

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O secretário de Estado também convocou a China, único aliado de Pyongyang, e a Rússia a tomar ações unilaterais que avancem em relação às atuais - e já rigorosas - sanções estabelecidas nas resoluções da ONU.
"Continuar permitindo que trabalhadores norte-coreanos trabalhem em condições similares à escravidão na Rússia em troca de salários que sirvam para financiar programas de armas nucleares faz questionar a verdadeira implicação da Rússia como parceira para a paz", disse.
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O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, respondeu e assegurou que os trabalhadores norte-coreanos estão em seu país como parte de um acordo bilateral "que garante seus direitos".
Os Estados Unidos pediram à China para cortar os envios de combustível à Coreia do Norte, em um movimento que poderia desestabilizar sua economia.
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China e Rússia garantem que as sanções não farão o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, mudar sua ação, e pedem esforços diplomáticos para alcançar uma solução.
Em Tóquio, o governo disse que acrescentou 19 novas entidades à sua lista negra de sanções, incluindo sete da China, uma de Cingapura e duas da Namíbia.
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"A comunidade internacional deve continuar coordenando e pressionando até que a Coreia do Norte mude suas políticas e busque negociações", disse o primeiro-ministro Shinzo Abe.

Em Washington, o presidente Donald Trump criticou a Rússia por não pressionar a Coreia do Norte o bastante. 

"A China está ajudando. A Rússia não está ajudando. Gostaríamos de ter a ajuda da Rússia", disse Trump, que falou nesta quinta-feira por telefone com o presidente russo Vladimir Putin sobre a Coreia do Norte.

O embaixador chinês encarregado, Wu Haitao, disse na reunião que "a esperança de paz não está totalmente destruída" e que a "possibilidade de negociação" ainda persiste.

Em seu discurso ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um compromisso diplomático sobre a Coreia do Norte e assegurou que o organismo multilateral poderá desempenhar um papel em promover contatos.

"Devemos fazer tudo o possível para alcançar esse objetivo e evitar um nível de perigo que poderia ser imprescindível em sua trajetória e catastrófico em suas consequências", disse Guterres.