Por bruno.dutra

Rio - Na esteira da renovação da frota automotiva brasileira, o mercado de lubrificantes no país cresceu 9,9% em 2013, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), tornando-se mais concentrado com o avanço de grandes empresas sobre o market share das pequenas.

O potencial de expansão leva empresas como a francesa Total e a americana Motul a investirem na ampliação de suas operações no país. A tendência é de um incremento no consumo dos produtos de qualidade superior, já que a ANP proíbe neste ano lubrificantes de classificação mais baixa, como o API CF (usado em caminhões) e o API SF (veículos leves), os mais básicos vendidos no Brasil. Outras duas classificações já foram banidas do mercado.

Para conscientizar caminhoneiros e proprietários de maquinário agrícola da importância de usar produtos mais elaborados, a Chevron Brasil Lubrificantes está lançando uma campanha, a Carreta Ursa, que vai rodar o país. “A ideia é ficar mais perto do cliente. Mais de 50% do mercado de transporte hoje é feito por autônomos. E concluímos que não adianta focar no produto, se não focarmos no operador da máquina. É uma campanha de saúde, tanto a saúde do condutor quanto a saúde da máquina”, explica Danilo Sad, gerente de Marketing da empresa.

Há 16 anos no Brasil, a Total Lubrificantes já se adaptou aos novos padrões que irão entrar em vigor neste ano. “As nove maiores companhias do mercado, dentre elas a Total, buscaram rapidamente a adequação de seus portfólios de produtos por meio da adoção das seguintes tecnologias: fuel economy, low saps e long drain. Respectivamente, estas tecnologias garantem maior economia de combustível, redução da emissão de poluentes e período de troca de óleo estendido”, diz o diretor geral da empresa no Brasil, Luis David Rodriguez. “As montadoras e concessionárias já estão exigindo produtos que atendam estas especificações, tanto no primeiro enchimento, quanto no pós-venda.”

Ao longo dos próximos dois anos, a Total Lubrificantes vai investir R$ 15 milhões no aumento de sua capacidade produtiva no Brasil. A multinacional fechou o ano com market share de 2,1%, segundo a ANP, mas pretende elevar sua participação de mercado para 5% até 2020, dobrando a produção.

No país desde 1992, quando fazia apenas o papel de importadora, a Motul estabeleceu neste ano uma operação local no país, atraída pelo nicho de mercado representado pelos carros novos. “Crescemos nos últimos anos a taxas de dois dígitos”, conta Pedro Gurgel, diretor Comercial da Motul no Brasil. Em 2013, o mercado de carros de passeio e comerciais leves sofreu sua primeira queda em dez anos, no Brasil, mas — para Gurgel — o segmento de lubrificantes continuará a se expandir. “Neste ano vai ser mais difícil, mas não vejo um decréscimo de mercado. Vamos ter um crescimento orgânico”, sustenta.

São quatro mercados para empresas de lubrificantes: automotivo leve, automotivo pesado, transmissão e engrenagem e industrial. Os dois primeiros tem apresentado maior crescimento, por conta do aumento e renovação da frota no Brasil — representam hoje mais de 60% do mercado.

Nos últimos anos, vem se acentuando o domínio dos pesos-pesados nacionais e internacionais no segmento. Em 2010, a participação de mercado das maiores companhias era de 68,2%, segundo números estimados pelo Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes (Sindilub). No ano passado, esse percentual havia atingido o patamar de 85,7%, conforme indicam os números da ANP. “Temos mais de 140 produtores de lubrificantes no Brasil. Isso é um absurdo.

O país comporta no máximo 30”, afirma Ruy Ricci, diretor executivo do Sindilub. Entre as razões para a concentração, Ricci aponta a verticalização nos setores de distribuição de combustíveis e lubrificantes. E, também, o fato de companhias que operavam no mercado de combustíveis terem focado seus negócios no segmento de lubrificantes, como aconteceu com a Texaco.

Produtos mais sofisticados para caminhões

Sexto maior mercado mundial de lubrificantes, o Brasil assistiu a partir de 2007 a um salto no
volume de emplacamentos de veículos novos para além do patamar de dois milhões de unidades. Em 2006 o total havia sido de 1,92 milhão de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Já no ano seguinte, o número anual passou para 2,46 milhões.

 Em termos percentuais, as categorias que mais cresceram no quesito emplacamentos — entre 2006 e 2013 — foram os comerciais leves e os caminhões. Impulsionada por incentivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a renovação da frota de caminhões faz aumentar a demanda por lubrificantes mais elaborados. 

A crescente sofisticação da demanda torna o mercado ainda mais difícil para os pequenos produtores. “O mercado está tão competitivo e acirrado que as pequenas começam a ter dificuldades”, confirma uma fonte do setor que prefere não se identificar. Mesmo entre as grandes empresas é preciso atacar em várias frentes para combater a concorrência de gigantes como a BR, que sozinha detinha 20,4% do mercado brasileiro de lubrificantes em 2013, de

acordo com dados da ANP. A Total, por exemplo, trabalha para expandir suas operações
no Nordeste, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. “A estratégia, nesse sentido, é desenvolver as vendas nas regiões que possuem forte potencial, mas com pouca presença do grupo, buscando por parceiros locais, como distribuidores de combustíveis lubrificantes”, diz Luis David Rodriguez, diretor geral da Total Lubrificantes do Brasil.  

Outras apostas da multinacional são os projetos de fornecimento para montadoras, como a Honda, que passará a integrar o time de clientes da empresa, grupo do qual já fazem parte Peugeot,Citroën, Renault, Kia, Kawasaki e Scania Volvo.

Segundo a Total, essas parcerias envolvem um profundo trabalho de pesquisa e desenvolvimento de produtos originais, homologados e recomendados no manual por cada uma das montadoras de veículos.



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