Por marta.valim

Em plena era digital, a Copa do Mundo de 2014 pode ficar marcada pelas dificuldades de comunicação, principalmente dentro dos estádios. Atrasos nas obras e dificuldades nas negociações com os administradores de algumas arenas são apontadas pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) como os principais obstáculos à instalação da infraestrutura interna (indoor) de telefonia móvel e à oferta do serviço wi-fi gratuito em estádios do mundial. As dificuldades se repetem em aeroportos, por conta dos valores de aluguéis considerados excessivos pelas operadoras interessadas em alocar equipamentos para fornecer serviço gratuito de wi-fi.

Das 12 arenas onde será disputada a competição, duas — Itaquerão (SP) e Arena da Baixada (PR) — não contarão com 100% da cobertura indoor, essencial para garantir a qualidade dos serviços de voz e dados. “No Itaquerão, onde a situação é mais crítica, as empresas de telecomunicações vão dar prioridade às arquibancadas. A cobertura indoor não vai chegar ao estacionamento”, diz Eduardo Levy, diretor-executivo do SindiTelebrasil. Esse tipo de cobertura é viabilizada por um conjunto de aproximadamente 300 pequenas antenas distribuídas pelo estádio e conectadas a uma rede de fibra ótica.

O investimento total previsto para os 12 estádios é de R$ 200 milhões apenas para a implantação da infraestrutura interna de telefonia móvel. A cobertura indoor não faz parte dos requisitos da Fifa para os estádios nem das obrigações previstas nos editais da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Dentro do projeto desenvolvido por um consórcio de operadoras móveis brasileiras também está prevista a instalação de rede wi-fi gratuita, mas até o momento apenas administradores de seis arenas autorizaram a implantação: Brasília, Cuiabá, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador.

No Itaquerão, por exemplo, o Corinthians optou por ter um serviço próprio de wi-fi. “O clube acha que deve montar uma rede fechada, que poderá ser acessada por meio de cartões pré-pagos”, explica uma fonte do setor de telecomunicações que prefere não se identificar. “O problema é que isso é absolutamente ineficaz num jogo de Copa do Mundo, em que milhares de pessoas vão tentar postar conteúdo ao mesmo tempo.”

Nos aeroportos, a proposta do consórcio de operadoras de implementar redes wi-fi gratuitas esbarrou em obstáculos similares. “A situação é parecida com a que encontramos nos estádios. Querem cobrar das operadoras um aluguel, por uma sala no subsolo, cinco vezes mais alto do que em outros aeroportos da América Latina”, conta Levy, referindo-se ao espaço físico necessário para os equipamentos.

Numa teleconferência com analistas de mercado, na sexta-feira passada, o presidente da TIM Brasil abordou a questão: “Um número ainda relativamente grande de aeroportos apresenta uma série de desafios , principalmente em termos de disponibilidade de infraestrutura física”, disse Rodrigo Abreu.

“Como nós sabemos, existiu um atraso muito grande nas obras de construção, expansão e remodelamento dos aeroportos e que naturalmente terá impacto na instalação de qualquer tipo de infraestrutura para o atendimento móvel”. Segundo o executivo, houve casos em que gestores de aeroportos fizeram pedidos abusivos para tentar monetizar o que, no entender dele, “deveria ser um serviço de disponibilidade pública.”

Por e-mail, a Infraero informou que “a internet wi-fi gratuita é oferecida, atualmente, em 12 dos 63 terminais administrados pela estatal. A velocidade de conexão pode variar de acordo com a operadora.

A concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que o projeto para a oferta de conexões Wi-Fi no aeroporto já está concluído e abrange todas as áreas públicas, incluindo os terminais 1, 2, 3 e 4, com uma capacidade total de 10GB (gigabites).

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