Por marta.valim

Ao entrar em um dos estádios da Copa do Mundo, uma chinesa até então pouco conhecida figura entre empresas como Sony, Adidas, Oi, Visa e Marfrig. Trata-se da Yingli Solar, maior fabricante de painéis fotovoltaicos do mundo. Segundo o jornal Shanghai’s China Business News, a aposta da empresa no torneio é alta — com investimento de US$ 70 milhões — e partiu de seu presidente Miao Liansheng, um aficionado por futebol.

Além do nome nas placas ao redor dos gramados nos 64 jogos do Mundial, a empresa foi autorizada pela Fifa a instalar pontos de carregamento que utilizam a energia solar nos centros de mídia de estádios e a colocar sua marca em pontos específicos. “Na Copa de 2010, na África do Sul, o objetivo foi mostrar a Yingli. Já agora, em 2014, queremos chamar a atenção para a geração solar”, diz o vice-presidente global de marketing da empresa, Judy Lee, uma das responsáveis por apresentar, na última sexta-feira, o legado que a empresa deixará para o Brasil depois do evento. Entre as ações está se tornar o primeiro patrocinador neutro em carbono de uma Copa do Mundo.

A companhia, que faturou US$ 2,2 bilhões em 2013, foi ainda a responsável pelos painéis fotovoltaicos do Maracanã, onde foram instaladas cerca de 1.500 placas, que geram 390 kW, e da Arena Pernambuco, estádio em que estão aproximadamente 3.700 placas, gerando 1 MW. “A Arena é um projeto significativo, que foi dimensionado para suprir de 20% a 30% da demanda por energia do estádio em dia de jogos. Em dias em que não há partida, elas fornecem energia até para a vizinhança”, diz o diretor da Yingli para o Brasil, Markus Vlasits.

Aproveitando sua fase de popularidade, a chinesa finaliza as negociações com a Renova Energia para o fornecimento de 20 mil placas fotovoltaicas, o equivalente a cerca de 5 MW. Segundo Vlasits, o contrato deve ser fechado em até 20 dias. O projeto, diz o executivo, vai marcar a entrada da Renova, que atua no setor eólico, no solar. As placas serão colocadas na cidade de Caetité, no interior da Bahia, local em que a geradora possui o maior complexo eólico da América Latina, o Alto Sertão I.

“Vai ser de longe o maior projeto de energia solar. Caetité vai ser um projeto comercial, que vai vender energia para grandes consumidores e, nesse sentido, é um projeto pioneiro”, diz o executivo da Yingli. Outro projeto, o “Solar Legacy”, em parceria com a Fifa, também será anunciado em breve. “Mas esse será voltado para geração distribuída”, completa ele.

A Yingli ainda aguarda os contratos que serão fechados no leilão de energia de reserva para avaliar a produção local das placas fotovoltaicas, hoje importadas da China. “A demanda do Brasil ainda não justifica uma produção local. Tecnicamente isso é possível, mas não seria competitivo. Achamos que o leilão vai dar resultado e precisamos dele também para dar mais visibilidade à demanda. Se tudo der certo, vamos ver a repetição do que aconteceu com a geração eólica”, diz Vlasits.

“Posso adiantar que já temos conversado com órgãos governamentais e entidades financeiras, e vamos reavaliar nossa posição estratégica depois do leilão”, completa ele. Ainda segundo o executivo da Yingli, o Brasil em breve será o principal mercado para a energia solar na América Latina. “Não estamos no Brasil pelo faturamento que temos hoje aqui. O resultado do ano passado, os meus colegas nos Estados Unidos, provavelmente, fazem em uma semana. Estamos aqui porque acreditamos no futuro”, justifica Vlasits, acrescentando que o Brasil paga o preço por ser muito dependente de hidrelétricas — problema que deve se agravar já que cálculos apontam que a demanda por energia no país deve crescer 4,5% ao ano até 2020 —, e, para ele, a energia solar é um complemento perfeito para a geração hídrica.

Com sede em Baoding, a Yingli Green Energy Holding Company Limited, conhecida como Yingli Solar, possui mais de 30 subsidiárias e filiais espalhadas pelo mundo. Atualmente, há cerca de 9 GW de módulos da empresa em todo o globo. Pouco conhecida por aqui, a marca figura entre as três chinesas mais fortes na Alemanha, segundo recente estudo da Huawei.

Leia também: Eletrosul inaugura central solar de 1 MW 

Você pode gostar