Por monica.lima

São Paulo - Após registrar seguidas taxas de crescimento de dois dígitos nos últimos anos, o mercado brasileiro de TV por assinatura tem pela frente um novo foco, em meio a tantos outros desafios do setor: aumentar sua fatia no bolo publicitário.

“A receita de publicidade da TV paga ainda não acompanhou o crescimento do setor. Esse é um fator imprescindível para ajudar as empresas a lidar com os custos crescentes de programação e para criar uma relação de custo-benefício do serviço mais atraente para uma parcela ainda maior da população”, afirmou Oscar Simões, presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), durante encontro com jornalistas realizado ontem em São Paulo.

O mercado brasileiro de TV paga encerrou 2013 com uma receita bruta de R$ 27,9 bilhões, um crescimento de 17,2% sobre 2012. No período, a receita publicitária respondeu por cerca de 5% do faturamento do setor. “Como referência, quando se olha os mercados mais maduros, a publicidade representa pelo menos 10% da receita bruta total. Esse é um patamar mais atraente. Temos um trabalho pela frente de informar ao mercado que somos uma alternativa viável”, disse Simões.

Os números iniciais de 2014 trazem uma perspectiva otimista. Nos primeiros quatro meses do ano, os investimentos de publicidade na TV por assinatura cresceram 60,5%, comparados ao mesmo intervalo de 2013, segundo o projeto Inter-Meios. Entre janeiro e abril, os investimentos dos anunciantes no mercado como um todo cresceram 16,35%, para R$ 10,5 bilhões. A TV paga representou 5,1% desse montante. "Estamos crescendo em um ritmo três vezes maior do que o mercado. Hoje, a TV paga está atraindo não apenas segmentos que investem tradicionalmente no meio, como automotivo, telecomunicações e finanças, mas também, novos setores, como o varejo", afirmou Fred Müller, coordenador do comitê de publicidade da ABTA.

Durante o encontro, Simões destacou alguns números recentes do setor no Brasil como possíveis atrativos para anunciantes. Dados divulgados ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações apontam que o país encerrou junho com uma base total de 18,9 milhões de domicílios com serviços de TV paga, um crescimento de 11,8% sobre um ano antes. “Esse número representa cerca de 60 milhões de telespectadores. Nossa projeção é fechar o ano com 20 milhões de assinaturas e algo em torno de 65 milhões de telespectadores”, disse Simões.

Outro ponto destacado pelo presidente da ABTA foi o salto da penetração dos serviços de TV paga na Classe C. O setor encerrou 2013 com uma participação de 34% entre esses consumidores. Em 2011, esse índice era de 24%. “Estamos falando de quase 10 milhões de domicílios, ou seja, mais da metade da base total do setor hoje”, afirmou. De acordo com os dados divulgados, a penetração dos serviços nas Classes A e B hoje é de 87% e 65%, respectivamente.

O evento contou também com a apresentação da terceira edição do Estudo de Preços de TV por Assinatura, conduzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Segundo a pesquisa, que considerou dados de mercado de 49 países, o Brasil figura hoje na 30ª posição no ranking global, com um preço de pacote básico de US$ 22,34. Na edição anterior, o Brasil ficou na 27ª colocação, com um preço de US$ 23,25. “Ficamos um pouco abaixo da média mundial, mesmo sem ter preços regulados. Isso mostra que há concorrência e que o mercado local acaba se adequando à competição”, disse Simões.

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