Por marta.valim

O mercado de marcas próprias no Brasil ainda engatinha, mas se prepara para dar os primeiros passos mais firmes. Por enquanto, os dados referentes a esse segmento se restringem a algumas categorias do setor supermercadista, mas mostram uma evolução que também tem relação com a mudança de postura do brasileiro diante de um produto que era considerado de menor qualidade. Em 2006, as marcas próprias em supermercados respondiam por um faturamento de R$ 1,3 bilhão e, em 2013, chegou a R$ 3,2 bilhões. A previsão da Associação Brasileira de Marcas Próprias (Abmapro), é de crescimento de 10% a 15% em 2014 e nos próximos anos. 

Neide Montesano, presidente da Abmapro, diz que o faturamento é muito maior do que o registrado hoje, com base em dados Nielsen e pesquisas internas da entidade. Isso porque setores como o de farmácias,construção civil e até mesmo categorias que estão dentro dos supermercados como padarias, frutas, legumes verduras e açougue também têm itens marca própria que não são auditados.

“Estamos trabalhando para que estes itens sejam pesquisados. A marca própria é uma ferramenta fantástica e muito bem usada nos países desenvolvidos. Alguns países costumam ter uma média de 45% de vendas de produtos de marca própria. Isso faz parte da cultura do consumidor e também da consciência da indústria de que investir nesse mercado é um caminho para estar mais próximo do cliente”, afirma Neide.
Segundo ela, fabricantes como Unilever e Procter&Gamble investem pesado nesse segmento. Por aqui, diz Neide, há empresas como Bombril e Parmalat que produzem itens para marcas próprias.

“Mas a maioria das empresas fornecedoras de marca própria para redes supermercadistas no Brasil são pequenas e médias, a maior parte delas da região Sudeste e que são escolhidas após um rigoroso controle de qualidade”, comenta.

No Brasil, o mercado de marcas próprias experimenta o que Neide chama de “a quarta geração”, com produtos inovadores associados a conceitos de bem estar e saúde. Grandes redes de supermercados como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart são as mais atuantes nessa linha.

“São alimentos, produtos de limpeza, cosméticos. Grandes empresas ajudam a divulgar esse novo conceito quando investem na marca própria como um negócio relevante. Isso passa não só pela inovação, mas pela escolha de fornecedores sérios, com produtos de qualidade, embalagens criativas. Quando o varejo entende a marca como sua, as vendas aumentam”, afirma Neide. “A marca própria precisa ser vista de cima, ou seja, desde o CEO ela precisa ser encarada como ‘o produto’ na gôndola. Essa é uma cultura já compreendida em países europeus e nos Estados Unidos, onde há empresas que vendem quase 100% de seus produtos marca própria”, completa.

A inflação costuma ser uma boa “vitrine” para os produtos marca própria, diz a presidente da Abmapro. No Brasil, onde a inflação afeta a cesta de alimentos, o aumento da procura por itens de marca própria sobe. “ O preço destes produtos costuma ser 20% inferior, o que se torna atrativo para o consumidor. É uma ótima ferramenta de fidelização, que permanece depois,em períodos de estabilidade”, diz.

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