Por marta.valim

Depois de muitos rumores, a Amazon anuncia oficialmente mais um capítulo de sua trajetória no Brasil. Cerca de dezoito meses após desembarcar no país, a gigante americana passa a oferecer hoje a possibilidade de os consumidores brasileiros comprarem livros impressos por meio do seu site local. O aporte na iniciativa não foi divulgado.

“Escolhemos esse momento porque a Amazon só toma a decisão de lançar algo depois que tem a certeza de que está pronta para oferecer o que o consumidor está buscando”, diz Alex Szapiro, diretor e principal executivo da Amazon.com no Brasil, reforçando um dos mantras da companhia. Em um contraponto ao pensamento corrente, Szapiro afirma que o consumidor brasileiro é um apaixonado pelos livros. “Mas é preciso oferecer condições para que ele cultive esse hábito. Hoje, por exemplo, o Brasil está entre os 10 maiores mercados globais de livros. Por outro lado, o número de livrarias per capita no país é muito baixo. São apenas 1,2 mil livrarias”, diz.

O foco na experiência de compra permeia toda a estratégia da nova oferta. Um dos pontos é o acervo de 150 mil livros em português e a aposta na diversidade dos títulos, o que inclui obras menos requisitadas entre o grande público. Outro componente é a possibilidade de o usuário consultar – na mesma página – os preços e a disponibilidade de versões impressas e digitais de um mesmo livro. “A ideia é ajudar o consumidor a encontrar o que ele quer, independentemente do formato”, observa.

A conexão entre o físico e o digital também está presente em um recurso que permite ao comprador de um livro impresso ter acesso – no momento da compra – a uma mostra digital da obra, enquanto não recebe sua encomenda. A funcionalidade está disponível para cerca de 13 mil títulos e oferece, em média, 10% do conteúdo.

Os algoritmos de recomendação e as ferramentas de avaliação são mais uma ponta. “Temos uma história de quase dois anos com o público brasileiro comprando livros digitais na nossa plataforma e vamos usar essa base para aprimorar a oferta”, afirma Szapiro, que não comenta sobre a política de preços e os acordos assinados com as editoras no país.

Um dos pontos comumente destacados na operação global da Amazon.com e, ao mesmo tempo, um dos principais desafios para a empresa no mercado brasileiro, a logística complementa os esforços. Com entregas previstas para todo o Brasil, a Amazon.com vai oferecer frete grátis para os pedidos acima de R$ 69. Para a Grande São Paulo, a empresa prevê a entrega no dia útil seguinte aos pedidos feitos até às 11h. “Nossa linha é prometer o que podemos cumprir, mesmo que, a princípio, não seja o prazo mais atraente para o consumidor”, diz. Um dos parceiros logísticos da Amazon.com é a Directlog.

O lançamento encorpa o portfólio local da Amazon.com, que já inclui a loja de livros digitais, o e-reader Kindle e uma loja de aplicativos. Szapiro não revela, no entanto, os planos para ampliar a oferta no Brasil, o que poderia incluir a extensão do acervo físico para outras categorias, como música e filmes, ou mesmo outros equipamentos, como o tablet Kindle Fire e o recém lançado Fire Phone, primeiro smartphone da marca.

Para Pedro Guasti, diretor-executivo da E-Bit, o novo passo da Amazon.com traz impactos distintos para o mercado local. “Quando a empresa passa a operar efetivamente no Brasil, a competição, sob um ponto de vista, fica mais equilibrada, pois eles estarão sujeitos aos mesmos desafios que outros rivais locais, como guerra tributária, fiscal e logística”, diz.

Guasti destaca, porém, que a logística para a entrega de livros não é complicada e que o produto tem boas margens, o que viabiliza o frete grátis prometido. “A briga para eles só começará a ficar árdua quando decidirem ampliar a oferta para outros produtos. Mas não dá para subestimar a potência de uma Amazon. Mesmo com a complexidade do Brasil, eles têm recursos e conhecimento para rapidamente virar esse jogo”.

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