Por bruno.dutra

Rio - As novas tecnologias estão invadindo o cenário eleitoral e os velhos “santinhos” começam a ganhar nova cara — ou novas caras. Enquanto nas eleições passadas o uso das redes sociais nas campanhas foi um dos destaques, começam a surgir novas formas de interação com os eleitores, como aplicativos, “santinhos eletrônicos” e até pulseiras com a tecnologia QRCode (código de barras bidimensional).

Esse é o caso da PasseVIP, que começou a produzir uma alternativa para substituir os formatos mais antigos de propaganda: pulseiras de identificação que funcionam como um “santinho” para os candidatos, pois carregam seu nome, número, logotipo do partido, slogan e até QRCode,o que ajuda no engajamento digital.

“É possível imprimir um QRCode, por exemplo, que direcione o usuário à página do candidato na internet, Facebook, Instagram e muito mais. A tecnologia facilita interação com o eleitor e dá uma pegada mais vanguardista para o candidato, dependendo do público com que ele está falando”, diz Antonio Bindi, sócio da PasseVIP. Segundo ele, a empresa já produz as pulseiras há três eleições, mas sem o emprego do QRCode. A expectativa agora é ver as encomendas crescerem 30%. Em 2012, foram produzidas pulseiras para mais de 300 candidatos.

Outra empresa, a Programma Computação Científica criou o aplicativo “Santinho Eletrônico” para a plataforma Android. Nele, além de foto, nome, sigla do partido e nome do concorrente às eleições, há a possibilidade de incluir ícones de acesso às redes socais e encaminhar e-mail direto para o candidato. Além disso, cada “santinho eletrônico” traz um lote de 15 perguntas, definidas pelo candidato e/ou partido, com temas de interesse de suas campanhas e respostas “contra” , “a favor” e “não sei”, que podem ser contabilizadas com ou sem identificação do eleitor.

“Os eleitores querem mudanças e, principalmente, serem levados em conta pelos políticos”, destaca Frederic Stiebler Couto, sócio-diretor da Programma.

Já a agência Pipoca Digital, criou dois aplicativos, que funcionam em Android e iOS, e que têm como objetivo aproximar candidatos e eleitores, principalmente os jovens. Os apps funcionam de forma muito simples: o usuário tira uma foto com a câmera do dispositivo ou usa uma de sua galeria, escolhe a moldura que mais gosta e pode salvar ou compartilhar com seus contatos do Facebook, Twitter, Instagram, Google Plus ou Whatsapp. A Pipoca Digital cuida do marketing digital de Paulo Skaf (PMDB) e Eduardo Amorim (PSC), candidatos aos Governo de São Paulo e Sergipe, respectivamente.

“O aplicativo permite fazer política de uma forma mais jovial, embalar melhor esse assunto chato que é campanha eleitoral”, ressalta o CEO da agência, Ricardo Silveira.

Na tentativa de ir além do “santinho”, a Editorall Studio criou o “Aplicativo do Candidato — Eleições 2014”, que possibilita a divulgação dinâmica da campanha eleitoral do candidato, com o compartilhamento de materiais e envio de alertas instantâneos para os eleitores e militantes. Além disso, conta com uma área restrita, protegida por senha, para comunicação sigilosa com a equipe.

O candidato tem seu próprio aplicativo, customizado com as cores da campanha ou do partido, propostas, notícias sobre a candidatura, agenda, fotos, vídeos, redes sociais oficiais, e ainda serve como “cola” para os eleitores.

“Queríamos um app com mais utilidades, que pudesse colocar redes sociais e outras informações, sendo mais dinâmico do que os ‘santinhos’. Os aplicativos são a forma mais fácil de se aproximar do eleitor, pois estão se tornando cada vez mais comuns”, diz o diretor de tecnologia da Editorall Studio, Luis Peres. Segundo o executivo, a procura cresceu na última semana, no entanto, a tendência é de popularização nas próximas eleições. “A ideia é que essa seja um ‘start’ e cresça nas próximas eleições. Surpreendeu-nos o número de candidatos a governador, mas temos também deputados federais e estaduais”, completa sem citar nomes.

Para a Cientista Política e professora de Direito do Ibmec/RJ, Simone Cuber, o aperfeiçoamento de ações utilizando o meio digital é uma tendência. “Os jovens estão pedindo mudanças, questionando o formato tradicional e se desfazendo um pouco dos partidos políticos. Esses novos veículos são até uma forma dos partidos reforçarem para o jovem a importância do seu papel e de estimular a democracia participativa”, defende.

No entanto, ressalta o professor de Comunicação Comparada na ESPM Rio, Fabro Steibel, ainda há dificuldade de se criar conteúdos relevantes para plataformas, como aplicativos. “Todo mundo já está no Facebook, mas os aplicativos exigem aceitação prévia”, diz. “É uma área de muita experimentação, vemos apenas o princípio. Apenas começamos identificar o eleitor como alguém que tem um smartphone na mão. Quanto mais informações sobre ele tivermos, mais ferramentas vão surgir”, pondera, citando a utilização da geolocalização na colocação das propostas do candidato, ainda não explorada.

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