Por monica.lima

Com cerca de 970 empresas formais no Brasil — a maioria pequenas e médias, com até seis funcionários — o setor de design no país terá um novo retrato a partir de 2015. Isso porque a entrada da atividade do design no Simples Nacional, que reduz o peso dos tributos, ajudará na formalização de muitos profissionais que ainda permanecem informais ou cadastrados com um código de atividade econômica diferente para pagar menos impostos. Hoje, de acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Design (Abedesign), trabalham neste segmento pouco mais de 4 mil pessoas. Mas este número também vai aumentar com a formalização de mais empresas. As universidades formam, por ano, 13 mil profissionais no país, diz Gustavo Gelli, presidente da Abedesign e sócio da empresa Tátil Design, responsável, entre outras criações, pela logomarca dos Jogos Rio 2016. Ele comemoras os avanços.

“ A percepção de que o design é fundamental para a competitividade vem acontecendo e isso se reflete no olhar mais atento do governo sobre o setor e também nas linhas de financiamento que estão sendo criadas para fomentar o design nacional. O BNDES criou, no ano passado, o Pro Design, com R$ 500 milhões para crédito e R$ 270 milhões já foram tomados”, diz ele, que negocia também uma maior aproximação com a Finep.

Para Gelli, o trabalho de mudar o conceito do design é diário e passa também pela educação. Nas universidades, por exemplo, é preciso ensinar design e business, para que os profissionais saiam prontos para fazer negócio, afirma ele.

Gelli diz que, no Brasil, 38% de todas as entregas do setor passam pelo design gráfico. O design de produto ainda é escasso por aqui porque, segundo ele, quase tudo o que e é utilizado é importado.

“O design de produto é caro e escasso. Por outro lado, tudo que é comprado fora tem que ser regionalizado e este é o trabalho do design gráfico. O design de produto responde por 16% do trabalho no Brasil, com base no diagnóstico do setor que fizemos. Esse é um sintoma do processo de desindustrialização do país ao longo do tempo. Se retomarmos esse ciclo industrial, poderemos fazer entregas em larga escala. O design brasileiro está pronto e é competente. Estamos entre os dez países mais premiados do mundo”, destaca Gelli.

De acordo com um levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o uso do design pela indústria brasileira é mais presente em nove setores, entre eles o de mobiliário, calçados, têxtil, embalagens de alimentos e máquinas e equipamentos. O faturamento do setor, hoje em R$ 660 milhões por ano, deverá chegar a R$ 2,5 bilhões até 2018. Tudo vai depender, segundo Gelli, dos cenários que vão se desenhar até lá para o mercado.

O Sebrae também é uma das instituições que apoiam o desenvolvimento deste setor no Brasil. Mas com o olhar da valorização desta ferramenta para micro e pequenas empresas que buscam aumentar a competitividade a partir do design. A entidade lançou uma ferramenta online com orientações aos micro e pequenos empresários. No site, os interessados preenchem um questionário para identificar o nível de utilização do design na sua empresa e, se desejarem, poderão receber outras informações completas por e-mail.

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