Por douglas.nunes

A Samsung está trabalhando para construir um futuro além dos telefones celulares, setor em que os lucros estão despencando. Yoon C. Lee, executivo da Samsung Electronics Co. e seus colegas tentam criar outro sucesso a partir daquilo que é conhecido como Internet das Coisas, tecnologia que une telefones, câmeras, irrigadores e estradas. Se eles tiverem sucesso, o esforço poderá impulsionar as vendas de produtos eletrônicos, eletrodomésticos e chips da empresa por uma geração; se fracassarem, os problemas provavelmente se aprofundarão.

“Imagine se todas essas coisas bobas ao seu redor puderem ser conectadas”, disse Lee. “Para a Samsung, esta é uma grande nova oportunidade, uma enorme mudança de paradigma. Isso vai nos beneficiar em todos os negócios”.

O impulso da Samsung na internet surge justamente no momento em que a Apple Inc., a Google Inc. e dezenas de outras empresas estão avaliando a mesma oportunidade. As gigantes da tecnologia estão disputando a liderança e colaborando entre si onde for necessário. O mercado para a Internet das Coisas deverá atingir US$ 7,1 trilhões até 2020, segundo a firma de pesquisa IDC.

Transferindo engenheiros

Em um sinal de como está levando o esforço a sério, a Samsung está transferindo cerca de 500 engenheiros de sua divisão de telefonia celular e alocando-os, em sua maioria, na iniciativa da internet, segundo fontes familiarizadas com o assunto. A mudança reflete também o reconhecimento de que a empresa com sede em Suwon, Coreia do Sul, precisa de outro sucesso após os smartphones, disseram as fontes, que pediram anonimato pelo fato de discutirem assuntos internos.

“Este é um mercado obrigatório para a Samsung”, disse Neil Mawston, diretor-executivo da firma de pesquisa Strategy Analytics. “A Internet das Coisas será muito grande para ser ignorada”.

Embora seja mais conhecida por seus telefones celulares, a Samsung Electronics fabrica de tudo, desde televisores e computadores até máquinas de lavar roupa, secadoras e máquinas de ultrassom. Ela faz parte da Samsung Group, maior conglomerado da Coreia do Sul, que vende seguros, constrói navios, produz canhões e também opera um parque temático.

“A Samsung, a Apple e a Google vislumbram um mundo em que coisas como dispositivos móveis e bens de uso doméstico, que estão ao redor de nós, falarão uns com os outros”, disse Ko Seung Hee, analista da SK Securities Co. em Seul. “Ao contrário das outras, a Samsung pode oferecer uma linha completa de aparelhos e eletrodomésticos e esse é o ponto mais forte da Samsung”.

Software é ponto fraco

A Samsung vem trabalhando com a Intel Corp. para desenvolver seu próprio sistema operacional, o Tizen, embora o esforço tenha ganho pouca força. A empresa coreana está usando o Tizen em seus relógios inteligentes e câmeras para reduzir sua dependência em relação ao Google.

A Samsung também se uniu ao Thread Group, liderado pela Nest Labs, da Google, que constrói novos padrões domésticos de automação. A empresa também assinou, em fevereiro, um acordo global de licenciamento de patentes com a Cisco Systems Inc., que detém uma das maiores reservas de patentes em aparelhos conectados, para compartilhar tecnologias nos próximos 10 anos.

Aquisições, novas fábricas e um esforço para integrar a fabricação são o núcleo do plano. Em agosto, a empresa comprou a SmartThings, uma startup que produz aplicativos móveis para controlar remotamente aparelhos domésticos. Em outubro, ela também anunciou planos para uma fábrica de chips de US$ 15 bilhões na Coreia do Sul para produzir chips mais avançados para aparelhos conectados e de vestir.

“Nossa primeira missão é trazer sua casa para sua vida conectada”, disse Lee, na Samsung. “Pelo menos, você nunca terá que dirigir duas horas de volta para casa para checar se esqueceu de trancar a porta ou desligar o forno a gás”.

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