Por bruno.dutra
São Paulo - Como todo segmento em amadurecimento, a indústria dos aplicativos móveis tem pela frente uma série de percalços. Por trás da febre que atrai desde pequenos desenvolvedores até grandes companhias, a busca por modelos que permitam consolidar essa onda como um negócio efetivamente rentável ainda é a tônica. Em meio a esse cenário, a brasileira Incube já escolheu o seu caminho. Criada há cerca de dois anos com a proposta de investir em projetos próprios e externos nessa área, a companhia, que mescla princípios de incubadoras e de fundos de venture capital, está concentrando seus esforços na construção de plataformas de aplicações, voltadas especificamente ao mercado empresarial.
“O aplicativo para consumidor é sempre mais ‘sexy’, mas, na prática, o dinheiro está no segmento corporativo”, diz Alex Barbirato, executivo-chefe da Incube. “A mobilidade está se consolidando como uma ferramenta para tornar os processos mais eficientes e as empresas estão percebendo esse valor. A própria Apple está começando a atacar essa frente”, afirma.
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Sob essa visão, as vertentes no radar da Incube envolvem os aplicativos de pagamento móvel, logística e mobilidade urbana. O guarda-chuva de soluções que a empresa está criando no entorno dessas duas últimas frentes traduz essa estratégia. Após desenvolver internamente o aplicativo Vá de Táxi — lançado em parceria com a Porto Seguro e destinado exclusivamente aos taxistas segurados pela companhia —, a Incube investiu R$ 3 milhões na aquisição da 99Motos, serviço de chamada de motoboys. Com o acordo, a companhia criou a MovMov.it, voltada ao atendimento corporativo, e que inclui ainda serviços de bicicleta. “A parte mais ineficiente da logística para as empresas é a última milha. Queremos consolidar uma plataforma completa nessa direção”, afirma.
A 99Motos já atua no estado de São Paulo. A plataforma conta com recursos como sistemas de faturamento e de controle de custos. Com cerca de 2 mil motoboys e previsão de faturamento de R$ 5 milhões em 2015, o serviço está sendo estendido ao Rio de Janeiro.
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Um movimento recente indica uma das trilhas de expansão da 99Motos. A empresa fechou uma parceria com o Hellofood, plataforma online de delivery de comida. A 99Motos funcionará como uma opção de entrega para os restaurantes incluídos no Hellofood, em São Paulo, e que ainda não contam com serviço de delivery ou cujo alcance de entrega é de até 4 km. A expectativa é estender a parceria em 2015 a outras praças nas quais o Hellofood já tem presença.
Na área de pagamento móvel, a aposta está numa solução que permeia todo o portfólio da Incube. Criada para o Vá de Táxi, a plataforma KiiK tem hoje como um dos seus grandes focos a atuação junto aos restaurantes. Por meio do aplicativo, entre outras funções, o consumidor consegue pagar a conta pelo smartphone via leitura de QR Code nos mais de 60 estabelecimentos cadastrados em São Paulo, Goiânia e Fortaleza. Em praças de alimentação que possuem restaurantes dessa base, o consumidor também pode pedir e pagar por sua comida, além de ser alertado quando o pedido estiver pronto.
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Na ponta dos restaurantes, a Incube está adicionando mais serviços para consolidar a KiiK como um sistema de relacionamento com os clientes. Um dos recursos é um módulo de gestão de filas. Com o aplicativo integrado ao back office dos estabelecimentos, a ideia é capturar os dados de consumo dos frequentadores para a oferta de serviços e promoções personalizadas.
“Já fechamos parcerias com grandes redes como o Viena e temos cerca de 1,2 mil restaurantes em processo de implementação”, diz.
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A Incube também tem no portfólio projetos em fase de maturação. O primeiro deles é o Olhos da Cidade, que já mantém uma parceria com a prefeitura do Rio. Pelo aplicativo, os cidadãos conseguem reportar problemas da cidade. Ao mesmo tempo, a prefeitura pode alertar os moradores sobre qualquer problema, além de realizar pesquisas com determinadas regiões, por meio de recursos de geolocalização. A Incube já negocia a solução com outras duas prefeituras e enxerga aplicações também na iniciativa privada, especialmente com os recursos de pesquisas.
Outro projeto é o Drive iQ. Em um modelo semelhante às aplicações de bem-estar de pulseiras inteligentes, o aplicativo avalia o desempenho dos motoristas por meio de sensores instalados nos smartphones e da análise de elementos como curvas, freadas, intensidade e velocidade.
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“Estamos colocando o Drive iQ no Vá de Táxi e vemos um bom potencial para o aplicativo em segmentos como seguradoras e de gestão de frotas”.
Com um modelo que combina aportes na faixa de R$ 500 mil a R$ 1 milhão, e a compra de participações que vão de 51% a 80%, a Incube planeja investir em até três novos projetos em 2015. “Conseguimos captar uma boa quantia e vamos usar essa cifra para expandir nossos projetos. Ao mesmo tempo, vamos começar a buscar novos investimentos no mercado para as empresas do nosso portfólio”, diz.
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