Por monica.lima
A Gol apresentou aos acionistas preferenciais da empresa nos Estados Unidos uma proposta de mudança da estrutura do capital da companhia. Uma mudança criativa, que permite a multiplicação do número de ações ordinárias sem modificar os direitos dos detentores de ações preferenciais mantendo a empresa dentro dos limites da lei brasileira e das regras das sociedades anônimas.
Alberto Fajerman, diretor de Relações Institucionais da Gol, usou uma analogia simples para explicar a motivação da empresa. “Eu costumo dizer que compro ar condicionado em julho, quando é mais fácil. Se eu precisar em janeiro, eu uso.” A Gol passa por um momento financeiro positivo. “Nunca tivemos um caixa assim”, disse Fajerman. Portanto, não tem necessidade de levantar capital. Mas analisa o mercado e sabe que as concorrentes têm mais fôlego e flexibilidade para lançar ações no mercado e captar recursos.
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As empresas aéreas brasileiras são obrigadas a limitar em no máximo 20% o volume de ações com direito a voto (ordinárias) nas mãos dos investidores estrangeiros. A lei das sociedades anônimas exige que a proporção entre preferenciais e ordinárias seja de no máximo 50%. Hoje a Gol tem 52% de ações ordinárias e 48% de preferenciais. Está quase no limite. Com um pequeno lançamento de ações preferenciais, igualaria a equação. Por isso está sugerindo a nova estrutura.
O controlador da empresa, Constantino de Oliveira Júnior, e o presidente da empresa, Paulo Sergio Kakinoff, abriram o pregão da Bolsa de Nova York na quinta-feira. Eles vieram aos Estados Unidos apresentar a proposta de mudança, já que a maior parte dos detentores de ações preferenciais da Gol está nos Estados Unidos.
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Todas as ações ordinárias da empresa estão nas mãos do Fundo Volluto, da família Constantino. Segundo a proposta apresentada agora, cada uma delas será multiplicada por 35, o que cria a possibilidade de lançamento no mercado de quase 5 milhões de ações preferenciais da empresa, mantendo a proporção entre ordinárias e preferenciais. Ao mesmo tempo, para dar garantias aos investidores, a Gol oferece pagar 35 vezes mais em dividendos aos atuais preferencialistas da empresa.
A proposta será votada em um prazo de 45 a 60 dias. E os controladores da empresa se comprometem a acompanhar o voto dos preferencialistas. A mudança só acontecerá se eles quiserem.
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Segundo Fajerman, a Gol estava em desvantagem no mercado, já que na Azul o controlador tem apenas 20% do capital econômico e na TAM o controlador detém 8%, o que dá a elas mais agilidade na captação de investimentos.
Alberto Fajerman garantiu que a empresa não tem projeto algum de expansão no futuro próximo. Mas decidiu, cautelosamente, se preparar agora para possíveis necessidades de investimento no futuro.
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Gol nega discussões com Delta ou Air France
A companhia aérea negou que esteja em discussões com a Delta Airlines ou a Air France KLM, acionistas da empresa, sobre movimentos de mercado na sequência da proposta de uma nova estrutura de capital, disse o vice-presidente financeiro da Gol, Edmar Lopes.
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“Não há possibilidade de um movimento, em termos de mercado, no curto prazo. Estamos olhando para a nova estrutura com uma abordagem de longo prazo”, disse Lopes na reunião com analistas em Nova York, acrescentando que a proposta da nova estrutura não tem relação com eventuais progressos que a companhia tenha visto na discussão do código aéreo brasileiro.
A nova estrutura de capital permitirá que a Gol aumente sua capacidade de capitalização e financiamento pela emissão de novas ações preferenciais, sem que seja necessária a emissão de ações ordinárias.
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Executivos da companhia ressaltaram que não há restrições para que estrangeiros detenham ações preferenciais da companhia, como é o caso das ações ordinárias. Com Reuters