Por monica.lima
Rio - Os entregadores de cartas e seus uniformes em azul e amarelo não serão mais a marca registrada dos Correios. Ou pelo menos não a única. A chegada de players internacionais, como DHL, UPS e Fedex, e a tendência de queda no envio de correspondências — um movimento que acontece com mais intensidade em outros países — levaram a estatal a concentrar a identificação de sua imagem como operador logístico, de olho em contratos no Brasil e também no exterior. Dados de 2014 apresentados pelos Correios mostram que, da receita total de R$ 18 bilhões no ano passado, apenas R$ 500 milhões vieram de serviços de logística integrada. A maior parte do faturamento vem ainda de envio de entregas de correspondências: R$ 9 bilhões. Outros R$ 7 bilhões vieram de encomendas expressas.
O caminho para comunicar a mudança de perfil e dar visibilidade à marca veio com patrocínio oficial aos Jogos Rio 2016. O contrato de R$ 300 milhões prevê ainda que serão transportados pelos Correios 30 milhões de itens do evento, por quatro regiões do Rio e Grande Rio, além dos estados onde serão realizadas partidas de futebol. O serviço será completo e vai incluir 17 mil entregas, um milhão de encomendas, 980 mil partes de equipamentos esportivos, 300 quilômetros de alambrados, 8,6 mil custódias (amostras antidoping), envio de ingressos aos compradores, entre outros.
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O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, afirma que a mudança no mercado postal no mundo e o fato de o Brasil ser um dos países que está na mira de investimentos por empresas que já são especializadas em operação logística levou o governo a pensar na revitalização da companhia.
“O governo quer intensificar a vocação logística dos Correios. Já cuidamos de megaoperações como a distribuição de urnas eletrônicas e de livros didáticos para as escolas em todo o país. Mas nada tão complexo como será nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ainda que a maior parte das atividades esteja concentrada no Rio e Grande Rio”, explica Oliveira.
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Segundo ele, além de abrir caminho para o novo posicionamento institucional da empresa, o patrocínio ajuda a empresa a reforçar sua ligação com o esporte olímpico.
“Isso se une à estratégia de sermos uma grande empresa de logística brasileira, com atuação internacional”, afirma o presidente dos Correios.
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O contrato de patrocínio com o Comitê Rio 2016, além de retornar para o caixa dos Correios o equivalente a R$ 188 milhões para a prestação de serviços, já está abrindo caminho para que a empresa negocie com novos clientes. Oliveira adiantou que a GE, companhia que será responsável pelo fornecimento de iluminação para arenas e vilas, já procurou a estatal para a operação logística de seus equipamentos. Patrocinadores oficiais dos Jogos no Brasil, globais ou locais,poderão fechar contratos individuais com os Correios como operador logístico de seus produtos.
Para dar conta de todo o material que será recebido, distribuído, montado, mantido e desmontado, os Correios terão três galpões de armazenagem em Duque de Caxias — que está em construção e será o maior, com 70 mil metros quadrados —, outro em Deodoro, em área doada pela Marinha, e um na Barra da Tijuca, que será desmontável e funcionará apenas para os eventos. Serão usados 200 caminhões e dois mil equipamentos entre prateleiras, empilhadeiras, tratores e guindastes.
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“Para dar suporte a essa operação, os Correios vão investir R$ 37 milhões na contratação de duas mil pessoas. O processo que envolve a operação logística de um evento como este é complexo mas vai nos colocar neste mercado para o mundo”, diz o vice-presidente de Logística e Encomendas dos Correios, José Furian Filho.
A visibilidade dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos para exposição de marca e geração de novos negócios é cada vez maior, diz Renato Ciuchini, diretor executivo Comercial do Rio 2016. “Afinal, é um evento de audiência global, com alcance de 4,8 bilhões de pessoas”, diz.
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