Por monica.lima

São Paulo - Em 2009, quando Richard Katz assumiu a empresa de seu pai, que passava por dificuldades financeiras, o plano era importar e exportar pedras preciosas. Mas a pequena empresa gaúcha Nativa Gems esbarrou na complexidade de vender fora do país, especialmente no que se refere à garantia dos pagamentos. A estrutura do PayPal foi um dos pontos-chave para a virada da Nativa Gems, que acabou se dedicando à confecção de joias e artigos de decoração. “O fato de usarmos o PayPal — que é mundialmente reconhecido — nos deu credibilidade junto aos vendedores, o que é uma das barreiras para os pequenos exportadores brasileiros”, disse Richard Katz, diretor da Nativa Gems. “Ao mesmo tempo, o serviço ajuda a lidar com outro empecilho, que é a segurança dos acordos, pois traz ferramentas de proteção e de garantia das transações tanto para vendedores como para os compradores.”

Hoje, cerca de 35% das vendas da empresa são realizadas por meio dos sistemas do PayPal e os anéis, brincos, pingentes e peças de decoração produzidos pela companhia estão nas prateleiras de famosas redes no exterior. As vendas internacionais — somente por atacado — das peças fabricadas a partir de pedras como cristal e quartzo rosa respondem por 99% da receita da empresa.

O caminho bem-sucedido da Nativa Gems, porém, é uma gota no oceano das iniciativas das PMEs brasileiras no comércio exterior. Uma pesquisa do Sebrae mostra que, apesar de representarem 27% do produto interno bruto (PIB) do Brasil, as PMEs respondem por uma parcela de apenas 1,5% das exportações do país. O estudo destaca ainda que pouco mais de 11 mil empresas desse porte investem em exportação, dentro de um universo de 6 milhões de companhias desse perfil. É justamente nas barreiras desse segmento para ultrapassar as fronteiras do comércio internacional que o PayPal está desenhando sua mais nova investida no Brasil.

O PayPal anunciou ontem a versão brasileira do PassPort, portal lançado globalmente em junho e que traz ferramentas para estimular as incursões das pequenas empresas no exterior. Com acesso gratuito e não restrito às companhias usuárias do PayPal, o site brasileiro marca a primeira tradução da plataforma além da língua inglesa.

A estratégia destaca a visão do PayPal de que o comércio eletrônico e as relações digitais são o caminho mais viável para que as PMEs superem entraves como a burocracia e a falta de informações nos processos de exportação. “Até 2018, o comércio global vai movimentar cerca de US$ 307 bilhões. Há uma grande oportunidade de mercado além fronteiras e queremos facilitar o caminho para que as PMEs brasileiras encontrem seu espaço nesse cenário”, afirmou Melissa O’Malley, diretora global de merchants e de iniciativas para o comércio cross boarders do PayPal.

Entre outros recursos, o PassPort oferece informações detalhadas sobre questões como logística de envio e de distribuição; câmbio e tarifas; procedimentos de alfândega; e hábitos culturais de diversos países. Ao mesmo tempo, o usuário tem acesso a datas específicas que geram picos de venda nesses mercados, bem como os produtos mais requisitados nesses períodos. Para exemplificar essa última vertente, Melissa citou o Dia dos Solteiros na China, que gerou US$ 8,2 bilhões em vendas pelo e-commerce em 24 horas no ano passado. Para esse ano, a expectativa é de um volume de US$ 10 bilhões. “Nossa ideia é ajudar as PMEs brasileiras a identificar seus nichos de atuação nessas grandes oportunidades”, disse a executiva. “Vamos costurar parcerias com empresas de logística e outras companhias relacionadas ao setor para divulgar o portal”, completou.

Por trás da iniciativa gratuita, a expectativa do PayPal é atrair naturalmente parte dos usuários para a sua plataforma de pagamentos eletrônicos. O gancho para essa visão é o fato da operação estar presente atualmente em 203 países, com transações disponíveis em 23 moedas diferentes e mais de 152 milhões de usuários ativos registrados. “Os estrangeiros já estão olhando os sites brasileiros. Um estudo recente do PayPal mostrou que os portais locais venderam R$ 1,5 bilhão em 2013, tendo como mercados principais os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a Austrália e a China”, afirmou Mário Mello, presidente do PayPal na América Latina.

A pesquisa global realizada pelo PayPal também destacou os principais mercados para o comércio entre fronteiras. Com US$ 5,8 bilhões, o setor de joias — área da Nativa Gems — é o quinto maior mercado. Roupas, calçados e acessórios lideram, com US$ 12,5 bilhões, seguidos por beleza e saúde, com US$ 7,6 bilhões; e dispositivos eletrônicos pessoais e computadores, empatados com US$ 6 bilhões.

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