Niterói - Aos poucos, os conceitos de acessibilidade e inclusão vão ganhando espaço e virando realidade na vida cotidiana. A Universidade Federal Fluminense conta, desde 2009, com o Sensibiliza UFF - Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, para alunos, professores e funcionários portadores de deficiência física, sensorial e intelectual, dislexia e outros transtornos. Em 2012, o Núcleo ganhou o status de Divisão e, agora em junho, uma sede na antiga Casa do Estudante Fluminense, na Rua Ernani de Mello, no bairro de São Domingos. O interior do prédio foi reformado.
O local terá sala exclusiva para o trabalho dos intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), usada por pessoas surdas, e sala adaptada para recepcionar os estudantes, onde estarão disponíveis equipamentos como o Doswox, software específico que faz a comunicação com o deficiente visual através da síntese de voz, entre outros.
O espaço também vai abrigar a Escola de Inclusão, onde são confeccionados materiais didáticos acessíveis. “O Sensibiliza trouxe para a UFF um novo olhar sobre a deficiência”, diz a coordenadora da Divisão, Lucília Moreira Machado, ex-aluna do Instituto de Artes e Comunicação Social (Iacs) e funcionária da Universidade há 30 anos.
A psicóloga Camila Alves, formada pela UFF em 2013, ressalta a importância do Sensibiliza para levar os questionamentos sobre a acessibilidade a toda a universidade. “A UFF já tem um caminho e não é ruim que ainda tenham coisas para ser feitas. O importante é que isso não seja esquecido”, diz Camila, que neste mês de agosto voltará à sala de aula para fazer mestrado.
Em abril, foi sancionada no Rio de Janeiro lei que leva o seu nome. Camila Alves é deficiente visual e reiteradas vezes foi impedida de entrar em ônibus, táxis e estabelecimentos comerciais por ter sempre a acompanhá-la sua cadela-guia, a Pucca.
A nova lei municipal obriga esses lugares a manter em local visível um exemplar da Lei Federal sobre o direito do deficiente visual ingressar e ficar em ambientes de uso coletivo, inclusive acompanhado de seu cão-guia.
A líder brasileira em acesso a deficientes
Pioneira na oferta de bolsas de apoio a estudantes com necessidades especiais, a UFF tem 39 professores, 28 funcionários e mais de cem alunos portadores de algum tipo de deficiência. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), é a universidade brasileira com o maior número de pessoas nessa condição. Lucília Machado, que ficou tetraplégica num acidente de carro há 15 anos, acredita que essa postura fez a UFF atrai um número maior de alunos.
Algumas obras já foram foram realizadas, embora muito ainda precise ser feito. O maior campus, o do Gragoatá, tem caminho acessível, que facilita a circulação com mais segurança e autonomia, interligando todos os blocos e unidades. Adaptações semelhantes estão previstas para os campi da Praia Vermelha e do Valonguinho, este com previsão de inaguração em 2015.