Por bianca.lobianco

Rio - A falta de cinema com programação alternativa aos filmes de sucesso comercial obrigou o curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense a ter uma sala para atender às demandas dos alunos. Os projetores já foram doados, e a previsão é que no primeiro semestre de 2015 o local esteja funcionando. A UFF é também responsável pelo retorno de dois cinemas de Niterói hoje fechados: o Cine-Arte UFF o Cinema Icaraí.

O prédio do Icaraí, fechado em 2006, foi tombado em 2008 e comprado pela universidade em dezembro de 2011. Em maio, a empresa Retrô - Projetos de Restauro foi selecionada para fazer, até dezembro de 2014, o projeto do centro cultural que funcionará no local. Já a volta do Arte UFF depende de um projetor.

As notícias são animadoras para os cinéfilos que buscam filmes fora do circuito blockbuster. Sem espaços hoje para assistir a filmes alternativos, eles são obrigados a atravessar a ponte e buscar opções em salas de Botafogo, na Zona Sul carioca.

UFF tenta reinaugurar antigas salas de exibiçãoAlexandre Vieira / Agência O Dia

Mas, durante muito tempo, o melhor programa de fim de semana em Niterói — depois da praia, é claro —, era pegar uma sessão de cinema e discutir o filme na mesa de um bar próximo.

Entre os anos de 1970 e 1990, várias gerações curtiram as 11 salas de cinema que existiam na cidade. A falta de cinemas perto de casa é uma reclamação geral.

O operador de câmera Tito Campos, 27 anos, é um dos que se queixam. “Quando quero ir ao cinema, fico refém do que está no Plaza ou no Bay Market. São salas ruins e exibições péssimas. A opção seria ir ao Rio, mas não vou porque já atravesso a ponte diariamente para trabalhar. Acabo optando por baixar os filmes da internet, mas não é a mesma coisa”, afirma.

Inovações tecnológicas, segurança e expansão imobiliária foram motivos para o fechamento das salas citados pelo professor de Cinema Rafael de Luna, que publicou um livro contando a história de todos os cinemas da cidade ao longo dos anos.

“Enquanto as salas já haviam fechado em outras cidades, Niterói ainda teve uma sobrevida nos cinemas de Icaraí, nos anos de 1990. Eles só fecharam num segundo momento e, principalmente, por conta da especulação imobiliária” observa Rafael de Luna.

Sessões nas madrugadas que davam em casamento

As sessões da meia-noite do Cine Arte UFF eram bastante disputadas. Muitos casais se formaram e amigos se conheceram em meio à efervescência cultural da época. O economista Thadeu Massuia conheceu a primeira mulher na fila do cinema. “Fui assistir a ‘Blow Up’, filme de Antonioni e, ao procurar alguém naquela fila imensa, encontrei dois amigos da faculdade que estavam com uma amiga. Dei um jeito de ficar por ali e me sentar junto dela.”

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