Foram vários os diferenciais do desfile da vermelha e branca de Niterói, incluindo o luxo e a animação - Divulgação / Unidos do Viradouro
Foram vários os diferenciais do desfile da vermelha e branca de Niterói, incluindo o luxo e a animaçãoDivulgação / Unidos do Viradouro
Por Irma Lasmar
Niterói - Com o enredo "Viradouro de alma lavada", a escola de samba niteroiense Unidos do Viradouro venceu a disputa do Carnaval carioca de 2020. Sediada no bairro do Barreto, a agremiação contou a história das Ganhadeiras de Itapuã, quinta geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em Salvador em busca de dinheiro para comprar sua alforria. Este é o segundo título da Viradouro, que antes foi campeã do Grupo Especial do Rio em 1997. No ano passado, ela tirou o segundo lugar. 
O samba-enredo mostrou as atividades das ganhadeiras, como lavar roupa, carregar e vender água, cozinhar e vender alimentos, costurar, entre outros serviços, retratadas como as primeiras feministas do Brasil, devido à luta pela liberdade que deixou marcas na história e na cultura baianas.
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Foram vários os diferenciais do desfile da vermelha e branca de Niterói neste ano. O samba teve influência de afoxé e ritmo baiano nos batuques e na melodia. Na comissão de frente, a atleta da seleção brasileira de nado sincronizado Anna Giulia, vestida de sereia, dava mergulhos de até um minuto em um aquário com 7 mil litros de água mineral, representando a Lagoa do Abaeté. Integrantes vestidas de quituteiras - vestidas com saias bordadas com figuras de abará, tapioca e acarajé - distribuíram cocada para a plateia.
Foi o primeiro desfile dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcisio Zanon juntos na Viradouro. A cantora Margareth Menezes foi destaque do carro que representou as cirandas de roda à beira do mar, em uma referência das ganhadeiras à música baiana. A rainha de bateria pelo sétimo ano consecutivo na Viradouro, Raissa Machado desfilou fantasiada de Luiza Mahin, rainha dos Malês, uma das lideranças da revolta pela libertação dos escravos em Salvador. Outra ala significativa foi a intitulada "Lute como uma mulher!", que levou negras ligadas à pauta feminista para a Avenida Marquês de Sapucaí.