Filantropos, donos de fábrica de fornos, montaram pizzaria na garagem de casa e venderam 105 pizzas em quatro horas - Divulgação / Verônica de Souza
Filantropos, donos de fábrica de fornos, montaram pizzaria na garagem de casa e venderam 105 pizzas em quatro horasDivulgação / Verônica de Souza
Por Irma Lasmar

Massa, queijo, temperos e muita solidariedade. Esses foram os ingredientes da "pizza Karanba", iniciativa de uma família norueguesa com o objetivo de arrecadar doações para o projeto homônimo, que fica em São Gonçalo, fundado também por um norueguês. A ideia foi do casal Per e Hilde Neraas-Andersen, amigos de Tommy Nilsen, fundador do Projeto Karanba. Os noruegueses filantropos são donos da Ooni, empresa de fornos para pizza. Eles montaram a pizzaria na garagem de casa, situada na capital Oslo. E o sucesso foi enorme: foram vendidas 105 pizzas em apenas quatro horas na última sexta-feira - o que significou 13.540 NOK (a moeda norueguesa) ou pouco mais de seis mil reais revertidos para que o projeto, que deverá utilizar na compra de cestas básicas a serem distribuídas a menores estudantes em vulnerabilidade social.

"Especialmente num momento como esse de pandemia, em que temos visto trabalhadores enfrentando dificuldades e incertezas, poder contar com a criatividade e o carinho desses amigos nos inspira a seguir em frente. Mesmo distante fisicamente, a solidariedade de todos os envolvidos é um exemplo incrível", comenta Tommy Nilsen, norueguês de 43 anos que em 2006 fundou, no bairro carioca do Leblon, o projeto voltado ao ensino do futebol como ferramenta de disciplina e inserção social. Dois anos antes, o ex-futebolista veio para o Brasil a passeio, na tentativa de driblar uma depressão após sua saída compulsória do esporte ocasionada por uma lesão grave. O resultado foi uma paixão pela região metropolitana do Rio, morando inicialmente na capital e mudando-se depois para a cidade-sorriso, no bairro de Icaraí, onde reside deste 2011 - ano em que trouxe o Karanba para São Gonçalo, bairro de Vista Alegre.

A forma de contribuição é nova, mas não a parceria com os Neeras-Andersen: quando os esportistas do Karanba viajam para competir na Europa, essa família norueguesa - já considerada madrinha do projeto - patrocina a alimentação de todos. O projeto já beneficiou um total de oito mil jovens. Atualmente, são 600 alunos, entre cinco e 20 anos de idade, 70% deles meninos. A fonte de renda do grupo vem, segundo conta o fundador, de amigos brasileiros e estrangeiros, sendo 25% da atual receita oriunda de pessoas físicas da Noruega. Desde a segunda quinzena de março, todas as atividades na sede do projeto estão suspensas, respeitando o distanciamento social devido à pandemia de coronavírus e seguindo as orientações das autoridades de saúde locais. Contudo, em meio a este cenário caótico, social e economicamente, Tommy pôde contar com a contribuição de inúmeras famílias brasileiras doando cestas básicas às famílias de seus alunos.

"Encontrei no Brasil e nesse projeto um sentido para a minha vida. Contra todas as dificuldades existentes na construção e manutenção de um trabalho social, perseverei e hoje me sinto um homem realizado com todos os resultados obtidos. Devo esse sucesso aos esforços de professores, funcionários, colaboradores, parceiros e patrocinadores, que acreditaram no meu sonho e construíram comigo esta nova realidade que proporciona uma vida melhor para tantos jovens e suas famílias. É gratificante ver vidas se transformando para melhor", exclama o fundador.
Em matéria publicada no dia 04/09/2011, intitulada "Norueguês marca um golaço no país do futebol", O DIA noticiava os dez títulos conquistados em cinco torneios europeus pelos atletas do Karanba. Por esse feito, o jornal concedeu sua 14ª medalha "Orgulho do Rio" a esse projeto social.

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