Embora em número menor de casos, há evidências de riscos de acidente vascular cerebral (AVC) em infectados por Covid - Divulgação / CHN
Embora em número menor de casos, há evidências de riscos de acidente vascular cerebral (AVC) em infectados por CovidDivulgação / CHN
Por O Dia
Niterói - Um estudo do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) em parceria com a Fiocruz, intitulado "New Coronavirus and the Nervous System: Should Neurologists Be Concerned?" (em português, Novo Coronavírus e o Sistema Nervoso: os neurologistas devem se preocupar?), analisa o perfil neurológico dos pacientes infectados pela Covid-19 e observa como o vírus pode comprometer o sistema nervoso. O objetivo é orientar os profissionais da saúde sobre os protocolos clínicos adequados. Os principais impactos neurológicos observados em pacientes infectados são a encefalite, a encefalomielite e crises convulsivas, além da diminuição do nível de consciência, em alguns casos. Tais problemas podem apresentar alto índice de mortalidade e causar graves sequelas. Ainda que os desdobramentos neurológicos em pacientes com coronavírus representem um número menor de casos, também há evidências de maiores riscos de ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) durante a doença.
Marcus Tulius Silva, neurologista do CHN e um dos autores do estudo, explica como o microrganismo pode chegar ao cérebro: “O vírus invade o organismo através de uma célula receptora com a qual apresenta alta afinidade. Ainda que a infecção seja primordialmente respiratória, os receptores por onde acontece a invasão são encontrados em todo o organismo, inclusive no tecido cerebral. Por isso, é necessário que os neurologistas também estejam muito atentos, além dos demais especialistas”.
Publicidade
O estudo também traça dados comparativos entre a pandemia da Covid-19 e os desdobramentos neurológicos observados na epidemia de SARS, ocorrida em 2002, também causada por um tipo de coronavírus. Em 2005, no final da epidemia, especialistas realizaram autópsias em oito pacientes infectados pelo SARS e observaram que todos apresentavam vestígios do vírus no tecido cerebral. “Novas informações a respeito dos efeitos do novo coronavírus no organismo são constantes, mas já se sabe que não se trata de uma simples infecção respiratória inofensiva. Portanto, medidas de prevenção propostas pela OMS e pelo Ministério da Saúde, como o isolamento social, o uso de máscaras de proteção e a higienização regular das mãos, devem ser adotadas amplamente para frear a curva de propagação do vírus", conclui Dr. Marcus Tulius.