Dragagem vai permitir maior profundidade e acesso de embarcações mais robustas ao Porto de Niterói e aos estaleiros  - Divulgação/Leonardo Simplicio
Dragagem vai permitir maior profundidade e acesso de embarcações mais robustas ao Porto de Niterói e aos estaleiros Divulgação/Leonardo Simplicio
Por Bernardo Costa

A Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade concedeu a licença ambiental para a obra de dragagem do Canal de São Lourenço. A intervenção, um pleito da indústria naval, portuária e pesqueira de Niterói de mais de 20 anos, vai gerar maior volume de negócios para a região, ao permitir que embarcações de grande porte acessem os estaleiros, situados às margens da Avenida do Contorno, e o Porto de Niterói, na Baía de Guanabara, próximo à subida da Ponte Rio-Niterói. Segundo estudo da prefeitura, a previsão é que as operações gerem cerca de 50 mil empregos em 10 anos.

A licença ambiental foi expedida na última sexta-feira. Agora, a Prefeitura de Niterói prepara o edital para a obra de dragagem, que deve ser publicado nos próximos 15 dias.

"A obra está orçada em cerca de R$ 200 milhões e será custeada pela prefeitura com recursos dos royalties do petróleo. Ela se paga em seis anos apenas com a arrecadação do ISS, que será gerado pelo maior volume de serviços nos estaleiros e no porto com o acesso de embarcações de grande porte, hoje impossibilitadas de navegar nesses locais", explica a secretária de Fazenda, Giovanna Victer.

O projeto da obra de dragagem foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH). Segundo Domenico Accetta, diretor do INPH, serão retirados 4,6 milhões de m³ de sedimentos do fundo mar. 

"Com isso, a profundidade na região do Porto de Niterói e dos estaleiros vai passar de seis para cerca de 12 metros. A Ilha da Conceição, que foi aterrada ao continente com a obra da Ponte Rio-Niterói, vai voltar a ser ilha com o abertura do canal, contribuindo para melhor circulação hídrica e qualidade da água", destaca Accetta.

Dentre os serviços que podem ser atraídos, estão a movimentação de cargas no porto e os reparos e construção de embarcações e plataformas de petróleo nos estaleiros. 

"Com a baixa profundidade do canal, essas estruturas ficaram subutilizadas. Com a obra, vamos trazer de volta a movimentação econômica que Niterói perdeu. A construção de uma plataforma, por exemplo, custa cerca de R$ 1 bilhão. Além da arrecadação de ISS, os recursos que virão com a empregabilidade serão aplicados na cidade", aponta Luiz Paulino, secretário de Desenvolvimento Econômico de Niterói.

Para Luiz Caetano Alves, presidente do Conselho Regional da Firjan do Leste Fluminense, os impactos serão em toda a cadeia de serviços ligados à indústria e ao comércio locais:  "Manutenção de navios e plataformas, carga e descarga, transporte, logística... Todos os serviços serão dinamizados. Com os empregos gerados, teremos maior consumo na cidade".  

Pronto desde 2014, Terminal Pesqueiro será ativado e ampliado
Projeto para o espaço anexo ao Terminal Pesqueiro da cidade
Projeto para o espaço anexo ao Terminal Pesqueiro da cidadeDivulgação
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Inaugurado em 2014 por Marcelo Crivella, então ministro da Pesca, o Terminal Pesqueiro Público de Niterói nunca foi ativado devido ao assoreamento do Canal de São Lourenço, que impede a atracação dos barcos de pesca industrial — são 104 autorizados a atuar no território marítimo de Niterói. Com a obra de dragagem, a estrutura poderá, enfim, ser ativada. 
"Niterói é a segunda maior cidade do país em volume de pesca. Só perde para Itajaí, em Santa Catariana, para onde segue o pescado capturado em nossas águas. Lá, ele é beneficiado e distribuído para outras regiões. Com a ativação do terminal, vamos trazer esses serviços para Niterói", diz Luiz Paulino, secretário de Desenvolvimento Econômico de Niterói.
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Segundo ele, há um projeto de ampliação do Terminal Pesqueiro, com construção de uma área anexa à estrutura já existe. A área total passará de seis para 24 mil m². 
"Com isso, vamos retomar a vocação econômica da pesca industrial em Niterói. Teremos o terminal pesqueiro mais moderno do país. Faremos todo o serviço de negociação, processamento e distribuição. No entorno, vão surgir, ainda, as indústrias de apoio", explica Paulino.
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