As radiografias que comprovariam as fraturas no tornozelo do advogado, que denuncia truculência dos agentes policiais
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As radiografias que comprovariam as fraturas no tornozelo do advogado, que denuncia truculência dos agentes policiais Divulgação
Por O Dia

Um advogado criminal entrou com um processo na Justiça contra agentes da operação Niterói Presente e uma delegada da 76ª DP após uma abordagem policial realizada no último dia 6. Segundo Renato Gomes, a ação teve início quando ele desceu do carro para urinar, na Avenida Prefeito Silvio Picanço, em Charitas, Niterói, momento em que um agente teria aparecido e dado início a vários tipos de agressão. O advogado conta que sofre de incontinência venosa, o que lhe obriga a ter que urinar com frequência.

Renato Gomes, que atua na defesa de PMs há cerca de 11 anos, diz que foi derrubado no chão e teve o tornozelo e os óculos de grau quebrados por um dos policiais.

"Eu estava passando por Charitas quando vi um carro em alta velocidade logo na minha traseira. Fiquei com receio dele bater em mim e passei para a outra pista, vi que não havia ciclistas e parei na ciclovia. Desembarquei do carro para ver se tinha algum dano, notei que não havia ninguém na rua e decidi urinar. Nesse momento, vi um policial se aproximando com uma arma na mão", conta.

Renato explica que foi agredido com socos e pontapés, teve o pé fraturado, e foi arrastado por cerca de 30 metros até o outro lado da pista. A equipe, com oito policiais, segundo ele, começou uma revista no interior do seu carro, onde estava a quantia de R$ 200 em espécie, que ele diz ter sumido após a abordagem. O advogado conta que não pôde se identificar e que recebeu voz de prisão sem que os agentes informassem o motivo. 

"Eu falei que queria me identificar, que trabalhava com militares, e um dos PMs pisou no meu calcanhar rompendo todos os meus ligamentos e provocando três fraturas. Fiquei com medo de ser morto porque ele ainda estava empunhando a arma. Ainda começaram a me arrastar para o outro lado da pista, me senti torturado", disse.

Em seguida, Renato foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Niterói, onde conta ter pedido para fazer exame de bafômetro, já que os agentes afirmavam que ele estava alcoolizado. Segundo o advogado, o perito pediu apenas que ele respondesse a perguntas matemáticas para determinar se estava ou não sob efeito de álcool.

NA DELEGACIA

A ocorrência foi levada para a 76ª DP (Niterói), onde Renato foi autuado por dirigir embriagado. O advogado afirma que foi impedido de dar sua versão integral do acontecimento e que chegou a ouvir a escrivã perguntar ao policial e à delegada se o motivo da prisão seria mesmo embriaguez ao volante.

"Eu falei que eles nem sabiam por que estavam me prendendo. A delegada disse que o perito ligou para a unidade e informou que havia um advogado alterado, mas em nenhum momento fui algemado ou resisti à prisão. Ela levou uma hora para me ouvir e, no depoimento, mudou minhas palavras", disse.

Após cerca de 12 horas, a delegada fixou uma fiança de R$ 5 mil para que Renato deixasse a delegacia. "Minha tia idosa me viu no balcão da delegacia, entrou na unidade e implorou para a delegada baixar o valor. Quase se ajoelhou no chão e ela diminuiu a fiança para R$ 2 mil", contou.

O advogado passou por uma cirurgia e, segundo ele, vai precisar ficar quatro meses de licença médica por causa do ferimento no tornozelo. O caso foi encaminhado para a 1ª Vara Criminal de Niterói.

Respostas dos órgãos envolvidos
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Questionada sobre a versão de Renato Gomes, a Polícia Civil disse que, na 79ª DP (Jurujuba), unidade que responde pela jurisdição da área em que o caso aconteceu, houve uma prisão por embriaguez ao volante. A corporação não se manifestou sobre a conduta da delegada ou sobre a maneira que a ação foi conduzida. Além disso, disse que o condutor agrediu a delegada e uma equipe inteira de policiais. O advogado nega as acusações.
A Prefeitura de Niterói informou que é responsável pelo custeio do Programa Niterói Presente e pelo planejamento operacional integrado, mas que a logística em campo é de responsabilidade da coordenação do programa, a cargo da Secretaria de Governo do Estado do Rio de Janeiro (Segov).
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MANOBRAS INDEVIDAS
A pasta, por sua vez, alegou que a abordagem foi feita após os agentes terem sido informados sobre um veículo realizando manobras indevidas na via, chegando a invadir a ciclovia. Durante a abordagem dos agentes, a Secretaria de Governo do Estado disse que o condutor estava alcoolizado e agressivo, chegando a agredir um dos policiais com empurrões e tapas. 
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