Morre Lizair Guarino, presidente de honra da Pestalozzi Niterói, aos 90 anos
Ela transformou uma escola especial para 17 crianças com deficiência em um centro de serviços especializados e faculdade
Lizair Guarino pelas lentes do fotógrafo e amigo Ronaldo BrandãoDivulgação / Associação Pestalozzi
Por Irma Lasmar
Niterói - Faleceu na noite desta quinta-feira (09), aos 90 anos, na Casa de Saúde Santa Martha, de complicações decorrentes do coronavírus, a professora Lizair de Moraes Guarino, presidente de honra da Associação Pestalozzi de Niterói e da Federação Nacional das Associações Pestalozzi. Natural de Rio Bonito, filha do médico e político Luiz Guarino, com quem aprendeu desde cedo a difícil arte da política, foi casada com Camilo Guerreiro, com quem teve três filhos (Camilo, Luiz José e Liza Maria) e participou intensamente da alta sociedade niteroiense até se dedicar à causa das pessoas com deficiência. Ingressou, em 1959, como vice-presidente da Sociedade Pestalozzi do Estado do Rio de Janeiro, atual Associação Pestalozzi de Niterói, situada no bairro de Pendotiba, para onde transferiu o prestígio que a convivência social lhe conferira.
Assumindo a Presidência da instituição em 1963, ampliou sua capacidade de serviço à comunidade: de uma escola especial para 17 crianças com deficiência passou a um centro de cidadania, com serviços na área da saúde, educação e reabilitação, principalmente de pessoas com deficiência física e intelectual.
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Sua participação no movimento pestalozziano a colocou em contato com personalidades mobilizadas pelas causas sociais, como Helena Antipoff (educadora russa radicada no Brasil), o que favoreceu a ampliação de sua consciência e um conhecimento maior quanto às dificuldades e ações necessárias para enfrentar os problemas e abrir caminhos no encontro de soluções exequíveis. Nos anos 80, fundou a Escola Superior de Ensino Helena Antipoff - Faculdades Pestalozzi - formando recursos humanos de nível superior comprometidos com os ideais pestalozzianos e transformando a associação em um imenso e pujante campus de ensino e reabilitação. Tornou-se, assim, uma defensora imbatível no campo da pessoa com deficiência no Brasil.
Ampliando suas ações, em 1970 funda a Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi (Fenasp), assumindo a posição de vice-presidente da Região Leste. Sob a direção dela, cresceu no país o número de unidades de 9 em 1966 para 31 em 1976 e 78 em 1986, atingindo cerca de 200 em 1994. Naquela oportunidade, implantou dezenas de Pestalozzi em vários municípios fluminenses. Em Niterói, tendo ocupado cargos na administração municipal, teve a oportunidade de implantar um sistema de creches, de fomentar a atuação das Associações de Moradores, de mobilizar as instituições voltadas para o apoio às demandas sociais, criando em 1981 a Comissão Municipal de Apoio ao Deficiente (Comade).
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Fiel aos ideários de Helena Antipoff, Lizair participou de todos os movimentos e passos que pudessem significar momentos imprescindíveis na condução do movimento pestalozziano, ou seja, na implantação de serviços que melhorassem as condições de atendimento da população brasileira necessitada de atendimentos especiais. Participou de todas as reformas e reformulações que ocorreram nas legislações referentes ao apoio às pessoas e instituições voltadas para o atendimento dos portadores de deficiência.
Ocupou a Direção Geral da Cienesp, quando desenvolveu uma nova proposta de educação especial no país. Criou um Comitê Presidencial integrado por 50 pessoas de notório saber e ligadas à questão da deficiência, exercendo a função de secretária executiva e elaborando um plano de Ação Conjunta Interministerial. Lizair preside a Secretaria de Educação Especial e a Corde - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.