Medidas de isolamento social mais rígidas em Niterói são apontadas por especialista como fator para maior perda de empregos na cidade - Cléber Mendes
Medidas de isolamento social mais rígidas em Niterói são apontadas por especialista como fator para maior perda de empregos na cidadeCléber Mendes
Por Gustavo Vicente*

Os números mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre os meses de março e maio, dão uma dimensão de como a pandemia da covid-19 vem afetando o mercado de trabalho nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Maricá. De acordo com levantamento feito pelo DIA, o município de Niterói foi o que mais fechou vagas no período: um total de 6.560 postos de trabalho, enquanto São Gonçalo perdeu 3.902 empregos e Maricá, 177.

Entre março e maio, a cidade de Niterói teve um total de 6.264 admissões, enquanto desligou 12.770 trabalhadores (7.627 na área de serviços, 3.600 no comércio, 799 na construção, 731 na indústria e 13 no setor de agropecuária). Ou seja, fechou um total de 6.560 vagas em apenas 90 dias. Já o município de São Gonçalo admitiu 4.512 novos funcionários, mas demitiu outros 8.414 (3.317 em serviços, 3.061 no comércio, 1.132 na indústria e 904 na construção): saldo de 3.902 desempregados no período analisado.

Segundo os dados do Caged, o mês de abril foi o que teve o menor índice de contratações e a maior relação de desemprego na pandemia, com perda de 3.434 postos de trabalho em Niterói e 2.311 em São Gonçalo. Segundo o Presidente do Conselho Superior da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Niterói, Joaquim Pinto, um dos fatores que podem explicar o maior índice de vagas perdidas em Niterói é o fato de inúmeros moradores de São Gonçalo trabalharem na cidade vizinha. Pinto destaca, ainda, a diferença de rigidez das medidas de isolamento social adotadas nas duas cidades. Enquanto Niterói manteve o fechamento total das atividades, com período de lockdown, São Gonçalo retardou o isolamento.

"Você tem um número maior de desemprego em Niterói, mas muito dessa mão de obra é de moradores de São Gonçalo. O comércio de São Gonçalo ficou aberto por mais tempo e, em alguns casos, não houve sequer o fechamento, enquanto Niterói teve o comércio mais impactado por ter fechado entre 100 e 120 dias, afetando principalmente os MEIs e pequenos empresários", afirma Joaquim Pinto.

A fotógrafa Fernanda Mattos, de 32 anos, é uma das pessoas que perderam a fonte de renda na pandemia. "Em agosto de 2019, abri um estúdio fotográfico em Icaraí, mas tive de parar de trabalhar no fim de março. Entreguei o estúdio pois o proprietário da sala não quis negociar o aluguel. Fiquei parada de abril até o fim de junho, mas as contas continuavam chegando. Foram noites sem dormir até resolver minhas dívidas com o proprietário", conta Fernanda, que conseguiu novo emprego na área de vendas.

Desemprego estável em Maricá
Lojas fechadas devido à pandemia do novo coronavírus
Lojas fechadas devido à pandemia do novo coronavírusDivulgação
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Enquanto Niterói e São Gonçalo sofreram com uma baixa considerável nos postos de trabalho, a cidade de Maricá se manteve em um nível estável. O município teve um total de 1.089 admissões entre os meses de março e maio, enquanto desligou 1.266 trabalhadores (2 no setor de Agropecuária, 532 no comércio, 96 na construção, 144 na indústria e 492 no setor de serviços), ficando com um saldo de 177 postos de trabalho a menos.

Joaquim Pinto destaca a importância da atividade petrolífera na região, responsável direto pela criação de oportunidades de emprego na cidade, além de investimentos na construção civil e de uma população total menor do que nas cidades vizinhas:

"Maricá tem mais estabilidade por conta da população, que é bem menor. Ainda tem a questão das novas bacias petrolíferas em frente à cidade, que estão sendo exploradas pela Petrobras. Os royalties de Maricá são os responsáveis por sustentar a cidade, o gera uma demanda de emprego mesmo na crise. Também houve um investimento forte na construção de novas habitações".
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