Segundo o rapaz, o segurança após o fato saiu do local em silêncio, retornando para a entrada do shopping, onde media a temperatura dos frequentadores - Arquivo pessoal
Segundo o rapaz, o segurança após o fato saiu do local em silêncio, retornando para a entrada do shopping, onde media a temperatura dos frequentadoresArquivo pessoal
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NITERÓI - O jornalista niteroiense Gabriel Gontijo, 32 anos, denuncia ter sido vítima de uma abordagem violenta por parte do segurança do Center Shopping Rio, no Tanque, em Jacarepaguá. Na noite de terça-feira (08), por volta das 20h20, ele chegou no estabelecimento - vindo do trabalho, uma agência de comunicação em São João de Meriti - portando seu salário em espécie e, na intenção de depositar o dinheiro na agência bancária existente dentro do shopping, foi ao banheiro masculino no primeiro piso para contar as cédulas e conferir o total, quando um dos seguranças teria arrombado a porta do sanitário.
"Passei naquela agência antes porque fica perto da casa de meus sogros, onde eu ia buscar minha esposa Marcele para irmos embora. Jamais imaginei que passaria por um constrangimento desses e sem qualquer motivo ou explicação", desabafa Gabriel. "O segurança do shopping arrombou a porta da cabine interna onde eu estava, na frente inclusive de outro usuário do banheiro, e me perguntou o que eu estava fazendo. Diante do susto e do medo devido à truculência, só pude responder que estava contando meu dinheiro. Fiquei muito nervoso na hora, por isso não tive outra reação, até porque se eu tomasse outra atitude perderia a razão". O jornalista conta que já foi assaltado quatro vezes e por isso buscou um local reservado para conferir o montante antes de ir até o caixa eletrônico.
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Segundo Gabriel, a reação do segurança após o fato foi perguntar se estava tudo bem para o outro usuário do banheiro e sair do local em silêncio, retornando para a entrada do shopping, onde media a temperatura dos frequentadores. "A porta só não bateu na minha cara porque meu tênis a escorou. Se eu estivesse usando o vaso sanitário, o constrangimento seria ainda maior. É certo ter minha privacidade invadida por uma suspeita não confirmada? Infelizmente pude sentir na pele o que sofrem muitas vítimas de arbitrariedades e preconceitos", lamenta. "Se ele me espera sair do banheiro e educadamente me aborda para uma possível revista, sentiria-me incomodado mas em respeito ao trabalho dele e à educação eu abriria minha bolsa, até porque quem não deve não teme, e com a consciência tranquila de não ter feito nada errado".
O rapaz tentou registrar o Boletim de Ocorrência na modalidade on-line, porém recebeu resposta de que a descrição dos fatos não configurava delito. Na manhã de quarta-feira (09), ele foi pessoalmente à 32º DP, na Taquara, e em seguida à 41º DP, do Tanque, unidades nas quais também não conseguiu realizar o B.O. por dois motivos apresentados pelos policiais de serviço: não saber informar o nome completo do acusado e nem haver violência física comprovável por exame de corpo de delito. O jornalista procurou a administração do Center Shopping Rio para relatar o ocorrido, onde, segundo ele, foi bem acolhido e ouvido, mas não recebeu uma perspectiva quanto às providências a serem tomadas sobre sua denúncia.

Procurados por O DIA, os representantes do local emitiram nota dizendo que "repudiam qualquer atitude de violência e destrato, assim como qualquer prática que possa ferir o direito de liberdade de seus clientes e visitantes. A direção do empreendimento está apurando os fatos e se coloca à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário”. O niteroiense afirma que acompanhará os desdobramentos da investigação interna e que cogita levar o caso à Justiça se não obtiver um retorno com a confirmação dos fatos e uma tomada de decisão, que sugere ser um retreinamento dos funcionários do setor de segurança.