Os exercícios passaram a fazer parte da rotina da aposentada niteroiense Janete de Almeida para lidar com os problemas de ansiedadeImagem Arquivo Pessaol
Por Luciana Guimarães
Publicado 10/12/2020 10:58 | Atualizado 11/12/2020 14:57
Niterói -  Quem vê Janete de Almeida sorrindo, nem imagina que a aposentada de 61 anos moradora de Itacoatiara enfrentou: "Eu passava maior parte do dia na cama, desanimada. Precisava viajar, praticar exercícios, mas não conseguia. Precisava viajar, praticar exercícios, mas não conseguia. Busquei tratamento e na hipnoterapia encontrei o caminho para a cura. Eu já viajei pro Sul pra ver meu filho, já estou dirigindo, já faço caminhada e agora entrei na academia. E também estou andando de bicicleta, que estava, lá, abandonada, já a dois anos. Faço tudo com segurança e prazer, o que outrora não tinha.", relata esfuziante.
Pode perguntar por aí, 11 de cada 10 brasileiros se dizem esgotados e levados até o limite graças aos efeitos físicos e psicológicos da pandemia. A adoção em grande escala do home office - escritório em casa- em função do isolamento social para conter o novo coronavírus, a falta da família, dos amigos - tem afetado a saúde mental e deixado um rastro de lassidão.
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Para a dermatologista Andréa Siqueira, moradora de São Domingos, os sintomas vieram em forma de muitas dores de cabeça e fraqueza muscular: "Eu não conseguia levantar da cama, minha cabeça parecia que iria explodir. Isso por quase 2 meses, até que busquei ajuda e fui diagnosticada e assim, pude me tratar."

Uma pesquisa do LinkedIn, que ouviu duas mil pessoas, indica que 62% estão mais ansiosos e estressados  do que antes. 
No ano de 2020, além do peso normal de um ano que entrou para a história da humanidade de maneira negativa, profissionais de saúde relatam que o número de casos relacionados à ansiedade e depressão quase que quadriplicaram. 
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Entraram em cena então, síndromes perigosas. Uma das mais comuns é a Síndrome de Burnout que significa entrar em estado de estresse extremo e crônico, geralmente provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho. O termo em inglês "burnout" significa queimar algo até o fim. Portanto, quem sofre com a condição perde suas energias físicas e emocionais.
Estas condições coexistem frequentemente na rotina profissional. Mas isso não significa que apenas um fator não possa desencadear sérias consequências. A intensidade das situações, acoplada à individualidade de cada pessoa, podem fazer com que a mente reaja às adversidades de maneira prejudicial.
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Embora os sintomas mais comuns sejam psicológicos, pessoas que estão sofrendo com síndrome de Burnout também podem sofrer frequentemente com dores de cabeça, palpitações, tonturas, problemas de sono, dores musculares e até resfriados, por exemplo.
Alta carga de trabalho, longas jornadas, ambiente de extrema cobrança e pressão, pouco repouso, são fatores que contribuem para o surgimento ou agravamento da síndrome. E não é difícil identificarmos esse cenário nos ambientes de trabalho que conhecemos. A implantação do home office só fez aumentar essa pressão uma vez que casa e trabalho agora se interligam e fica difícil a dissociação.
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Mais diagnósticos do 'Transtorno da ansiedade generalizada'- (TAG) - também surgiram. Este é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, de acordo com a quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV). O principal sintoma do transtorno de ansiedade generalizada é a presença quase permanente de preocupação ou tensão, mesmo quando há poucos motivos ou quando não existe um motivo algum para isso. As preocupações parecem passar de um problema para outro, como questões familiares, amorosas, relacionadas ao trabalho, à saúde ou de várias outras origens.
Mais atual ainda é o receio de sair de casa depois de tantos meses em isolamento social está sendo chamado popularmente como 'Síndrome da Cabana', ou seja, a pessoa tem medo de sair de casa ou de fazer contato com outros indivíduos. Na literatura psíquica, os sinais e sintomas são muito parecidos com fobia social. Viver em sociedade nunca foi fácil, mesmo antes da pandemia. Estar nas ruas, fazer o caminho de casa para o trabalho ou para a escola, por exemplo, envolve uma série de situações que faz com que nossa mente esteja em situação de alerta constante, mas de forma quase automática.
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Para André Orsi, professor da pós-graduação em Hipnose Clínica, Hospitalar e Organizacional da Universidade Celso Lisboa e do Instituto Brasileiro de Hipnose, que tratou de Janete, foi fundamental que ela buscasse ajuda: "A Janete me procurou e apresentava sintomas fortes de depressão. Iniciamos a terapia e já nas primeiras sessões percebi avanços importantes como superação de medos e elevação da autoestima. Ela se comprometeu com o processo e após 10 sessões, 2 meses de tratamento, seus sintomas foram remidos. Sempre nos falamos, pois gosto de acompanhar, e ela está cada dia melhor.", afirma o profissional.
Confira sinais que indicam algum tipo de transtorno:

Sintomas físicos:
Cansaço excessivo
Dor de cabeça
Enxaqueca
Transpiração constante
Fadiga
Pressão alta
Alteração dos batimentos cardíacos
Dor muscular
Problemas gastrointestinais
Dificuldade em respirar
Alergia e coceira crônica na pele
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Sintomas emocionais:
Depressão
Ansiedade
Desânimo acentuado
Dificuldade de sentir prazer
Dificuldade de raciocinar
Irritabilidade
Preocupação constante
Alterações do sono
Sentimento de incapacidade ou inferioridade
Falta de motivação
Falta de criatividade
É como se o cérebro desse pane...Na Síndrome de Burnout, que é das mais comuns, trata-se de um estado de tensão emocional e estresse crônico e é reconhecida recentemente como doença crônica pela Organização Mundial da Saúde - OMS. Mas apesar de ser diretamente ligada ao trabalho, os fatores que desencadeiam a enfermidade vão desde a realização de tarefas exaustivas até relações interpessoais abusivas e podem migrar para as relações familiares como a extenuante maternidade que com o isolamento se confunde e se emaranha.
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As mães e profissionais viram na pandemia um trabalho que já era exaustivo, parecer infindável. Por isso se correlaciona os cuidados, demandas e responsabilidades exigidas na criação e educação de uma criança ao exercício de trabalhos formais igualmente exaustivos suscetíveis ao desenvolvimento ou agravamento da síndrome.
A casa se reconfigurou: o isolamento social, o fechamento das creches e escolas, a suspensão das atividades presenciais, tornou-se ambiente de trabalho (home office), ambiente escolar, ou qualquer outra coisa, mas pouco a pouco deixando de ser apenas um lar.

Sobretudo para a mães solos que não contam com a figura paterna nas construções e compartilhamento dessas responsabilidades e também para as mães que possuem a presença paterna nessa relação de maneira “simbólica”, já que as mulheres que sofrem diretamente o apelo social por uma maternidade compulsória, atribuída a ela unilateralmente a responsabilidade do cuidar, sendo o homem, o pai um “ajudante” ou nem isso. 
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Muitas vezes, a pessoa que está sofrendo com ansiedade e depressão não consegue identificar todos os sintomas e, por isso, não consegue confirmar que algo está acontecendo. Dessa forma, se existirem suspeitas de que se possa estar sofrendo com este problema, é aconselhado pedir ajuda para um amigo, familiar ou outra pessoa de confiança de forma a identificar corretamente os sintomas.

Porém, para fazer o diagnóstico e não ter mais dúvidas, a melhor forma é ir com uma pessoa próxima a um profissional para que sejam discutidos os sintomas, identificado o problema e orientado o tratamento mais adequado. Assim será possível quantificar e definir a síndrome, se esse for o caso.
Uma vez definida, é preciso desacelerar. Preocupações derivadas do transtorno de ansiedade generalizada não desaparecem por conta própria – pelo contrário, elas só tendem a piorar. Por isso, tratamento e suporte médicos são imprescindíveis. Procurar ajuda médica antes da ansiedade se tornar um problema ainda maior também é crucial para evitar complicações.
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