Por leandro.eiro
Rio - Na cidade ela ronrona como uma gatinha. A saída do sinal é suave e apenas quatro dos oito cilindros puxam o carrão, até agora muito família, não fosse o visual agressivo das rodas aro 21 com pneus perfil 35, o kit aerodinâmico e a cor vermelho bombeiro.
Entradas de ar%2C spoiler e a inscrição Quattro na base da grade denunciam a feraMarcellus Leitão / Agência O Dia


Mesmo assim, discreta e silenciosa, ela chega na avenida. Pista livre e pé no fundo despertam a fera. A tigresa cresce e vai embora. Mal dá para perceber os seus quase 5 m de comprimento. Depois disso é só ver a bela traseira, com as laterais alargadas para abrigar os imensos pneus, ganhando o horizonte.

A Audi RS6, do alto seu preço de R$ 560 mil, poderia ser trocada por dois Camaros e meio, mas a exclusividade traduzida em um banho de tecnologia da alemã é surpreendente. Tração integral permanente Quattro, motor V8 de 560 cv (custa mil reais por cavalo vapor), aceleração de zero a 100 km/h em 3,9 s e máxima de 305 km/h. O câmbio é um Tiptronic de oito marchas curtas, adequadas à proposta, com modos de mudança automática ou sequencial via paddle shifts e opções Drive e Sport. Para conter essa fera, quatro discos de freios gigantes de cerâmica com pinças Brembo.

Por dentro, carinho nas costas em bancos de alcântara e eletrônica total nos sistemas de estacionamento com alarme a câmera, cruise control, sistema de navegação de ultima geração e o som top da Bang&Olufsen, com 1.200 watts de potência despejada em 15 autofalantes. É uma festa ambulante. Os previsíveis pacotes de conectividade com Bluetooth também estão lá, é claro. No painel, informação total, com destaque para a pressão dos pneus, já que o carro usa pneumáticos aro 21 pressão zero, perfil 30 e não tem estepe, só um kit de reparos rápidos e compressor.

R%24 560 mil%3A vale dois Camaros e meioMarcellus Leitão / Agência O Dia


Como amansar essa fera

Andamos nessa ‘criança’ em dias de chuva na única rodovia possível do estado, a BR 040, em direção a Juiz de Fora. Nas retas, e isto é previsível com o ronco forte do motor ‘cheio’, há projeção do corpo no banco em concha, forrado de alcântara.

A Serra de Petrópolis chega rápido, o piso muda de asfalto para concreto. A aderência ao solo não muda e sempre impressiona. Não exige correções no volante. O sistema de tração Quattro desta máquina tem um diferencial dianteiro comum a outros Audi e um outro central, mecânico, para as rodas traseiras. Ele ‘sente’ pelo giro do volante, aceleração e diâmetro da curva que o ‘piloto’ vai entrar forte e reduz o torque do lado interno da curva, ‘alimentando’ o lado externo de força.

Interior conta com volante esportivo%2C bancos em couro alcântara e aparato tecnológico de primeiraMarcellus Leitão / Agência O Dia


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A potência do motor é sentida intensamente a cada tocada mais funda. Fica evidente que a frieza e a finesse tecnológica dos alemães chegou muito perto do tesão que os italianos têm pelo automóvel. Esta conjunção de inteligência faz com que a RS6 tenha performance superior a muitos esportivos que já andamos, e sem a carroceria de wagon. Claro que apoiada em pneus larguíssimos, como os Dunlop 285/30 aro 21, a coisa fica mais fácil.Claro também que em um teste local, os limites dessa máquina estão ainda muito longe, diante do uso em via pública, mas é possível sentir como ela pode se comportar.
A silhueta baixa e alongada nas laterais abriga muito espaço, que fica pequeno para tantas soluções tecnológicas. A mala é aberta automaticamente, junto com a tampa do bagageiro. Um luxo. De volta à cidade, o modo Comfort acionado e a máquina retorna ao seu lado gata e ronrona suave. A RS6 é um carro exponencial em todos os sentidos e, por isso, deve ser conduzido com sabedoria, desejo e carinho.
Motor V8 biturbo sobre as rodas aro 21 e freios cerâmicos Brembo Marcellus Leitão / Agência O Dia