Por julia.amin

Brasília - Mesmo destino da PEC 37, outra proposta repudiada pelo grito das ruas, que ficou conhecida como ‘cura gay’, é enterrada no Congresso. Autor do polêmico projeto que trata homossexualidade como doença, o deputado e pastor evangélico João Campos (PSDB-GO) protocolou pedido para a retirada da proposta. Acusado de homofóbico, o também pastor e deputado Marco Feliciano, que havia aprovado a medida na Comissão de Direitos Humanos, por ele presidida, não desistiu e lançou um desafio ao dizer que aprovará a proposta quando for reeleito.

Marco Feliciano: 'Essa perseguição de parte da mídia e dos ativistas nos fortaleceu. Nos aguardem em 2015! Viremos com força dobrada'Agência Brasil

O deputado tucano também não deu o braço a torcer. “Retirei porque o meu partido divulgou uma nota contra. Não é por causa de pressão das ruas”, disse. Como passou pela Comissão de Direitos Humanos, a ‘cura gay’ precisou ir ao plenário da Casa para ser arquivada.

PASTOR NÃO DESISTE

A decisão de enterrar o projeto que sugeria tratamento psicológico para homossexuais acontece uma semana após o Congresso derrubar a Proposta de Emenda Constitucional 37 que tirava poderes de investigação criminal do Ministério Público, outra bandeira das manifestações.

Na semana passada, integrantes de grupos que protestaram nas ruas estiveram com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e obtiveram dele o compromisso de ‘enterrar’ o projeto, considerado homofóbico.

O deputado João Campos pediu a suspensão da tramitação do projeto da 'cura gay'Reprodução

Fervoroso defensor da cura gay, logo após saber da desistência do colega, pelo Twitter, Marco Feliciano prometeu retomar o projeto. “O PDC voltará na próxima legislatura, quando teremos um número maior de deputados evangélicos”, escreveu no microblog, acrescentando que “essa perseguição de parte da mídia e dos ativistas nos fortaleceu, e nosso povo acordou. Nos aguardem em 2015! Viremos com força dobrada”, concluiu.

Resta saber se as urnas reservarão mesmo uma próxima vez ao deputado-pastor e a seus fiéis colegas políticos.

‘É uma vitória das ruas’

“É uma vitória das ruas, que lutaram também contra o preconceito e a discriminação”, festejou o deputado Ivan Valente, líder do Psol, após a decisão de enterrar a ‘cura gay’. Desde que entrou na pauta do Congresso, o Projeto de Lei 234/11 foi alvo de protestos da comunidade LGBT, ativistas, ministros de Estado e do próprio partido do seu autor, o PSDB, que a classificou de um “retrocesso”. Ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, tachou a proposta de absurda “por não reconhecer a diversidade sexual como um direito humano”.

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