Por helio.almeida

Elba Ramalho, Fagner, Geraldo Azevedo, Nando Cordel, Jorge de Altinho, Flávio José e outros amigos do cantor Dominguinhos, morto na terça-feira (23), fizeram uma homenagem ao sanfoneiro com um show na noite desta quinta no Chevrolet Hall, em Olinda (PE).

Dominguinhos morreu aos 72 anos Reprodução

A renda do show, que estava programado antes da morte do cantor e teria renda revertida para custear seu tratamento, acabou se tornando uma homenagem póstuma. "Abrimos mão de tudo para realizar uma grande noite que ajudaria nosso amigo. Nunca imaginaria que a noite escolhida iria calhar com o dia do enterro", lamentou Geraldo Azevedo.

Dominguinhos foi enterrado na quinta na cidade pernambucana de Paulista.

Amiga de Dominguinhos há mais de 30 anos, a paraibana Elba Ramalho falou ao iG sobre sua amizade com o músico. "Tivemos uma relação de amizade muito estreita, dividimos confissões como nossas separações e fui uma das primeiras pessoas a saber sobre o câncer. Estávamos subindo no palco quando perguntei o motivo de ele estar triste. Foi quando ele contou que tinha feito um exame e tinha aparecido uma coisinha no resultado. Hoje no velório, deixei um bilhetinho lá na mão dele", revelou.

Bastante emocionada, a paraibana foi responsável por abrir o show com "De volta Pro Aconchego", sem conseguir segurar as lágrimas. “Gosto de cantar sorrindo, mas está sendo muito difícil", disse.

Em seguida cantou "Minha vida é Te Amar" e finalizando sua curta apresentação com "Só Quero um Xodó". A cantora então se despediu do público e explicou que não poderia ficar até o final porque tinha um show em Garanhuns.

Fagner subiu no palco para cantar a "Oração de São Francisco". "Era amigo de Dominguinhos havia 40 anos, ele participou do meu primeiro disco e não existia pessoa mas doce que ele", desabafou. Sua apresentação continuou com "Quem me Levará Sou Eu", seguido pelas músicas "Canteiros" e "Deslize".

"O mais bonito foi todo mundo estar aqui cantando para ele. Dominguinhos proporcionou hoje um encontro de gerações, amigos e Nordeste. Apesar da tristeza, estou muito feliz por essa homenagem. Posso guardar mais esse momento feliz ao lado dele", disse o músico, no camarim.

Parceiro de Dominguinhos durante 30 anos, Nando Cordel apresentou os sucessos "Isso Aqui tá Bom Demais", "Gostoso Demais" e "Você Endoideceu Meu Coração".

"Conheci Dominguinhos quando fui à casa da mulher dele, Guadalupe, que também é cantora. Foi quando ela disse que Dominguinhos estava procurando um parceiro. Ele me fez o convite, topei na hora e no mesmo dia já fizemos duas músicas", lembrou o cantor.

Entre as escolhidas por Jorge de Altinho para homenagear o sanfoneiro estavam "Bom Demais", gravada em parceria com Dominguinhos, e "Tamanho de Paixão", que foi sucesso na voz de Luiz Gonzaga.

"Fiz tudo para sorrir e não consegui, cantei tristinho. É difícil saber que você está no palco para prestar uma homenagem e ele não está entre nós. Eu não consegui traduzir alegria na minha apresentação. Pela primeira vez, não soube representar", lamentou o músico no camarim.

Geraldo Azevedo relembrou quando viu Dominguinhos pela primeira vez. "Foi em um show de Gal Costa. Ele estava tocando sanfona em um show de bossa nova. Fiquei encantado e aquilo me chamou atenção. No dia seguinte pesquisei sobre a vida dele e em outra oportunidade nos conhecemos e construímos nossa amizade."

Azevedo tocou sucessos próprios como "Dia Branco", "Bicho de Sete Cabeças" e "Dona da Minha Cabeça", sendo surpreendido pelo amigo Fagner, que entrou no palco para fazer um dueto na canção.

"Optei por não cantar nenhuma música de Dominguinhos por conta da carga emocional de hoje, então agora na última hora mudei todas as músicas", esclareceu.

Questionado sobre um momento especial vivido ao lado de Dominguinhos, Azevedo disse que todos foram inesquecíveis. "Dominguinhos não viajava de avião por medo, então tive o prazer de percorrer muitas cidades de carro com ele. Dominguinhos não é gente, ele é anjo", finalizou.

"O destino quis que o dia fosse de saudade", disse Flávio José ao subir no palco, fazendo referência ao enterro.

Liv Morais, filha de Dominguinhos, chegou ao local do show muito abalada. "Estou em pedaços, hoje apenas o meu corpo me representa".

Ao subir no palco, Liv agradeceu o carinho de todos. "Como disse o meu filho, hoje o meu pai virou estrela. Chorei muito, mas não poderia deixar de estar aqui para agradecer aos amigos e a vocês", declarou.

Dos filhos, Liv é a única que seguiu os passos do pai. Ela emocionou o público com os sucessos "Tenho sede", "Abri a porta” e Quero um Xodó".

Na última música, “Pedras que cantam", os cantores Fagner, Jorge de Altinho e Flávio José voltaram ao palco para cantar ao seu lado. Ao deixar o palco, a cantora caiu em lágrimas e foi consolada por amigos.

As informações são do repórter Felipe Souto Maior

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