São Paulo - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) voltou a negar as acusações de formação de um acordo com empresas que participaram da licitação para compra de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em 2008. O tucano usou seu perfil no Facebook para afirmar que não houve combinação com empresas para limitar a concorrência eque o edital foi uma "verdadeira ação anti-cartel".
"Ganhou a CAF, uma empresa espanhola que ofereceu o menor preço. O Estado economizou cerca de 200 milhões de reais. E ganhou 40 trens novos, para transporte coletivo", postou o político. "A concorrência foi uma verdadeira ação anti-cartel, de defesa do Estado e dos usuários de transportes", ressaltou. "O Banco Mundial, que financiou o projeto, supervisionou e aprovou toda a licitação", completou.
Suspeita de cartel
Um executivo da Siemens afirmou que José Serra, então governador de São Paulo em 2008, sugeriu um acordo com a concorrente espanhola CAF, para a licitação da entrega de trens, como informou a "Folha de São Paulo" desta quinta-feira. O tucano nega as acusações.
A mensagem que segundo o jornal relata uma conversa que o então diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com o ex-governador e com o então secretário de Transportes Metropolitanos do governo do PSDB, José Luiz Portella, durante um congresso na Holanda.
Segundo a reportagem, a sugestão de Serra está em um e-mail que faz parte da documentação entregue pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, que apura a suspeita de formação de cartel para a venda e manutenção de trens do Metrô e da CPTM em São Paulo.
Concorrentes seriam parceiras
O motivo, de acordo com a publicação, era a preocupação de Serra em evitar que algum impasse fosse parar na Justiça e assim atrasasse a entrega dos trens. A reportagem afirma que a Siemens fez a segunda melhor proposta na licitação, e ameaçava entrar na Justiça contra a concorrente espanhola CAF, que havia vencido.
De acordo com o e-mail, diz o jornal, Serra avisou que cancelaria a licitação se a CAF fosse desqualificada na briga judicial, mas que ele e o secretário considerariam outras soluções para "atenuar de alguma forma o apertado cronograma de entrega". Uma das soluções seria a CAF subcontratar a Siemens na execução de 30% do contrato. O acordo não ocorreu e a Siemens não obteve sucesso na Justiça.
Serra negou a denúncia e disse que o processo licitatório para a aquisição dos trens foi conduzido pelo Banco Mundial (Bird) e que a Siemens já havia recorrido judicialmente na data do e-mail. O ex-secretário Portella negou as irregularidades e afirmou ao jornal que as acusações "são absurdas".